Mestre Nuno de Oliveira

Nuno Waldemar Nunez Marques Cardoso Pery de Linde Abreu Oliveira, nasceu a 23 de Junho de 1925 e faleceu a 2 de Fevereiro de 1989 com sessenta e quatro anos.

Nuno de Oliveira começou a montar no picadeiro do seu parente Joaquim Miranda tinha cinco anos de idade, em 1940 morre Mestre Miranda e Nuno de Oliveira deixa de estudar e decide seguir a vida equestre começando a montar cavalos de antigos clientes do Mestre Miranda entre os quais os das filhas de Henry Chtlanaz.

Em 1950 Exibe-se no Coliseu dos Recreios, começa a trabalhar os cavalos de Manuel de Barros e a dar-lhe lições de equitação, na quinta dos Arcos em Azeitão.

Manuel de Barros compra uma biblioteca hípica e obriga Nuno de Oliveira a estudar a teoria daquilo que ele tão bem pratica para assim lhe poder explicar.

O Engº Rodrigo de Castro Pereira, convida-o para trabalhar no picadeiro da Lança da Legião Portuguesa de que era comandante, na Alameda das Linhas Torres em Lisboa e aí mexer não só os seus cavalos como também de outros clientes e também ensinar alguns alunos.

Foram os seus primeiros alunos, Júlio e Guilherme Borba, D. Diogo Bragança (Lafões), Pureza de S. Lourenço, Ana Maria Avilez e Maria José Lupi.

Em 1956 um grupo de amigos instalou-lhe um picadeiro na quinta do Chafariz na Póvoa de Stº Adrião.

Em 1973 compra a quinta do Brejo, em Avessada na Malveira onde instala o seu picadeiro por onde passam centos ou mesmo milhares de alunos de todas as partidas do mundo e onde ele passou a viver.

Perfil

Educado em ambiente culto e artístico apreciava o belo em todas as suas facetas, principalmente a arte lírica e a opera, sendo amigo de grandes artistas de nomeada.

Dotado de grande sensibilidade artística, sentia as mais ténues vibrações dos cavalos que trabalhava o que lhe permitia adaptar-se aos cavalos de forma assombrosa.

Percurso

No ínicio foi um seguidor fiel de Baucher e de Fillis, depressa cria a sua própria filosofia equestre e o seu método pessoal, cria uma verdadeira escola Oliveirista, sendo imensos os seus discípulos disseminados por todo o mundo.

Nuno de Oliveira é o grande arauto do cavalo lusitano e da cultura hípica Portuguesa, de dois em dois meses saía fronteiras para manter contacto com os seus alunos e ministrar os seus ensinamentos a quantos recorriam a ele para resolver problemas.

Percorreu o mundo começando pela Suíça pela mão de Auguste Baumeister seu mecenas graças ao cavalo Euclides.

Em 1958 exibiu-se em Genéve e Lucerne onde criou centros de ensino, tornou-se conhecido em França, tendo começado a receber alunos na Póvoa de Stº Adrião como (Bacharat e Michel Henriquet).

Em 1964 exibiu-se em Paris onde já tinha alguns alunos, em 1965 em Wembley na Inglaterra.

Na Bélgica criou um numeroso grupo de adeptos e alunos, em 1968 esteve em Itália mais propriamente em Milão, seguindo-se Madrid em Espanha, em 1969 esteve em Lima no Peru e Costa Rica.

Em 1972 nos Estados Unidos nomeadamente em Maryland e Massachusset, também nas Filipinas em Manila, em 1973 Espanha em Bilbau, começando a ter alunos da Ásia, África, América incluindo Canadá, Oceânia e Europa.

Em 1975 Saumur abre-lhe a porta e em 1976 o seu mérito é finalmente e oficialmente reconhecido em Mafra.

Em 1979 Canadá e Estados Unidos da América, em Nova Yorque e Miami e também na Costa Rica.

Em 1980 Austrália, Tailândia e Filipinas, foram os principais palcos das suas actuações.

Em 1989 faleceu na Austrália numa das suas visitas periódicas.

Reconhecimento

Agraciado com o grau de Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique pela expansão da cultura Portuguesa pelo mundo além.

Medalha de mérito da Associação central da agricultura Portuguesa pela disseminação do conhecimento e abertura de mercados para o cavalo Lusitano, sócio honorário da Federação Equestre Portuguesa e sócio honorário do clube El Rey Dom Duarte I.

Deixou vários trabalhos escritos em Português, Francês e Inglês expondo o seu método equestre e reflexões não somente sobre equitação como sobre questões de moral, arte e religião.

Hábitos e Paixões

De génio instável dado a arrebatamentos e a depressões, depressa passando do entusiasmo e da afabilidade à melancolia e à agressividade, fez imensas amizades profundas e criou não poucas antipatias.

Teve alguns amigos que o auxiliaram na sua carreira sendo de destacar Auguste Baumeister de nacionalidade Suíça, Michel Henriquet, Francês entre outros.

Era intolerante com os medíocres e feroz para com os convencidos, desregrado na alimentação e criou uma figura própria que o caracterizava.

Cabelo negro rebelde domado a poder de brilhantina, as negras e espessas sobrancelhas sombreavam uns olhos negros que mostravam generosamente o branco quando os esbugalhava, elevando as sobrancelhas ou sobrancelha, gesto muito característico, onde os seus amigos aprenderam a ler os sentimentos que reflectiam.

O pescoço era longo e dele pendia a cabeça para olhar as orelhas da sua montada.

De corpo delgado na mocidade, vestia vestes negras ou muito escuras, com casaco e gravata, calça justa, por vezes usava botas de montar, outras vezes espora de mola para salto de prateleira, também usava polaina afivelada.

Porque era entusiasta seguidor de Fillis, porque era esguio como um fio de azeite porque vivia em Azeitão alcunharam-no de o Fillis de Azeitão.

Com a idade criou algum cachaço era uma figura de perfil compacto, o cabelo rareou com grandes entradas, a cabeça pendeu cada vez mais graças ao aumentar do arqueado das costas e à posição mais recostada a que o abdómen mais volumoso conduziu.

Tornou-se mais internacional no vestir mas ficou sempre fiel às esporas de mola e as calças justas mas sempre caídas da cintura em harmónica pelas pernas abaixo.

Também escreveu três livros sobre pensamentos seus, que foram, Elucubrações, Amalgama, Anseios e Recordações.



Alois Podhajsky














Nasceu em Mostar, antiga cidade do império Austro-Húngaro, tendo vivido entre 1898 e 1973 foi nomeado como director da Escola de Equitação Espanhola de Viena de Áustria no ano de 1939, tendo referido que estava completamente consciente que começava a tarefa mais dura da sua vida, pois a grande dificuldade para dirigir uma escola deste tipo consistia em manter o padrão e o alto nível da escola, preservando a tradição que é uma das partes mais importante da escola.

Podhajsky foi considerado como uma escolha excelente para dirigir a escola de Equitação Espanhola de Viena, pois ele tinha a vontade de salvar os cavalos Lipizzaners, mas também por ser um grande defensor do ensino clássico. « Nós temos que viver para a escola e oferecer as nossas vidas a tudo isto, então talvez, a luz crescerá pouco a pouco e a vela minúscula que nós aqui mantemos a iluminar a grande arte de alta escola, não será inalado de fora ».

O ensino do cavalo tem raízes antigas, aparecendo os princípios básicos descritos com mais de 2400 anos pelo grego Xenophon.

Os antigos gregos foram os primeiros a praticar o ensino do cavalo para preparação da guerra, era uma cultura em que acreditavam em que nada poderia ser obtido correctamente ou harmoniosamente sem a aderência rígida às leis do universo, isto é o que verdadeiramente define o ensino clássico, o cavalo deveria se submeter, estando feliz e orgulhosamente à vontade do cavaleiro, sem perturbações e de um modo natural.

Foi em 1580 que o império austríaco começou a importar cavalos de Espanha e se iniciou a fundação do cavalo de Lipizzan, desta acção foi desenvolvida a Escola Espanhola de Equitação e concluída por Carlos VI em 1735, este foi o começo de uma instituição que treinou cavalos e cavaleiros até os dias presentes, e por onde passou Alois Podhajsky.

Nos dias finais da segunda guerra mundial, com a chegada do exército Vermelho aos portões de Viena o Coronel Podhajsky confrontou-se com uma situação desesperada, Podhajsky estava preocupado com a segurança dos seus cavalos e especialmente dos garanhões da escola, foi então que transferiu muitos dos garanhões para fora da cidade para o refúgio de St.Martin que também se situa na Áustria e como todas as éguas Lipizzaner estavam na Checoslováquia ele também temeu muito com a segurança das éguas.

Foi em St. Martin que um oficial americano reconheceu Podhajsky dos Jogos Olímpicos de 1936 tendo referido isso ao general George Patton.

Patton e Podhajsky tinham sido velhos amigos, pois ambos competiram juntos em eventos equestres e nos Jogos Olímpicos, quando Patton chegou, Podhajsky organizou um especial evento para ele, tendo Podhajsky montado o seu garanhão favorito para depois saudar o General Patton com o seu chapéu especial e formalmente pedir a Patton que colocasse a escola debaixo da sua protecção e do exército americano. 

Patton consultou Patterson e estabeleceram o acordo de protecção, o general Patton também concordou em ajudar Podhajsky a salvar as éguas que se encontravam na Checoslováquia.

Os Lipizzaners voltaram finalmente para casa ou seja para Viena pelo outono de 1955 depois da guerra.









Général Decarpentry
 
Nasceu em 22 Janeiro 1878 Albert-Eugène Edouard Decarpentry entrou para Saumur em 1904 como sub comandante do comandante de Montjou.Cavaleiro do cadre Noir ao mesmo tempo que Pierre Danloux, Jean-Charles-Emond Wattel e de Saint Phalle, ele será instrutor de Xavier Lesage, futuro campeão olímpico e cavaleiro chefe que vai dizer « ele trabalha tranquilamente, sem dar nas vistas, sem surpreender a galeria » magoou-se no cotovelo em 1916, o cirurgião que o devia operar advertiu-o que o seu cotovelo corria o risco de ficar ancilosado, Decarpentry pede então para ficar com a posição de “ a mão no bridão ”Após a guerra ele foi nomeado segundo comandante da escola de cavalaria (1925-1931) sendo um cavaleiro de grande talento e um excelente pedagogo, ele foi igualmente um teórico de primeira ordem e será qualificado por Wattel como « o maior conhecedor » da sua geração.

A sua equitação baseada sobre a « conquista da impulsão » e o abaixamento das ancas, sendo hoje considerado como um cavaleiro do modelo clássico, a sua obra mais célebre foi a “ Equitation Académique ” e diversas compilações de autores clássicos, onde juntou as suas próprias reflexões sobre as dificuldades encontradas, tendo se qualificado a ele próprio, modestamente no seu livro « recettes de cuisine équestre »

As suas principais obras são:

1932 Piaffer et passage
1946 l'Ecole Espagnole de Vienne
1948 Baucher et son école
1949 Equitation Académique
1954 Les Maîtres écuyers du manège de Saumur
1956 L'essentiel de la méthode de haute Ecole de Raabe


Foi juiz internacional de dressage de 1930 a 1939, o Général
Decarpentry vai presidir até à sua morte em 1956 como júri da Federação Equestre Internacional para as provas de dressage


Algumas citações

« A impulsão deve ter para o cavalo ensinado a intensidade lancinante de uma necessidade física imperiosa e permanente ».

« Não é a subida do pescoço que é importante mas sim o abaixamento das ancas que devemos ter como objectivo principal ».





Frederico Caprilli

Nasceu em 1868 começou o seu percurso profissional, como um jovem cadete da Cavalaria italiana. Nesta altura começaram a surgir as primeiras máquinas de guerra e a utilização na guerra das carga de pólvora e a utilização de meios mecânicos na guerra, começando assim a decadência da cavalaria na guerra e dos homens armados a cavalo, pois um par de armas e máquinas de guerra podiam terminar rapidamente com um ataque montado.

Isto significou encontrar um novo uso da cavalaria, a ideia era criar um regimento a cavalo especialmente treinado e unidades de combate de cavaleiros que poderiam atravessar terrenos difíceis, locais que o inimigo consideraria impossível de atravessar (como bancos verticais e fossos enormes), dando assim para a cavalaria a vantagem de um ataque surpresa, como também sendo útil para levar a informações a grandes distâncias.

Nesta época, os cavalos com facilidade para os saltos e a saltarem por cima de obstáculos eram muito poucos.

Foi acreditando que a forma e a flexibilidade dos posteriores e do postmão do cavalo, podiam melhorar a chegada ao solo após o salto, conseguindo por isso mais suavidade e assim terem as mãos do cavalo mais direitas, foram ensinados os cavaleiros a puxar as rédeas e a se apoiarem no salto ficando para atrás para terem a certeza que seria o quarto traseiro do cavalo a chegar primeiro ao solo, ou pelo menos chegarem com mais suavidade no impacto e protegerem assim a « frágil parte dianteira do cavalo... ».

Foi assistindo aos cavalos a saltar em liberdade e até mesmo com o uso de habilidades fotográficas que Frederico Caprilli conseguiu documentar o movimento dos cavalos em voo enquanto saltando livremente.

Foi então que ele notou que TODOS os cavalos SEMPRE e naturalmente chegavam ao solo com os anteriores e sem complicações, começou então a desenvolver a ideia de que o cavaleiro se deveria tornar num simples passageiro e fazendo somente uma pequena interferência na abordagem do cavalo ao salto, nunca puxando nas rédeas.

Ele acreditava que os cavalos podiam ser ensinados a ser independentes, conseguindo serem eles a pensar, significando isso que se deveria mostrar ao cavalo a sua tarefa, neste caso o obstáculo e depois permitir que ele a executasse sem qualquer interferência.

As novas ideias de Caprilli foram uma aparente rebelião para os ensinamentos aceites na época, foi por isso punido na sua carreira, tendo sido destacado para o sul de Itália como castigo.

Depois de vários anos, um Chefe Militar italiano notou e experimentou os métodos de Caprilli e foi então que as suas novas ideias foram reconhecidas e finalmente foram postas em uso.

Frederico Caprilli regressou para as escolas de cavalaria no norte de Itália e depois de um ano de treino o seu progresso e resultados não deixaram de ser simplesmente incríveis.

De facto, os cavalos começaram a serem capazes de feitos até à data impensáveis, começaram até alguns cavaleiros a treinar o salto sem rédeas.

Seguindo esta inovação, Caprilli foi feito por fim Chefe Instrutor da Cavalaria italiana, soldados de todas as partes do mundo foram enviados para a sua escola para aprenderem o seu sistema de treino, baseado num ensino de independência dos cavalos e da não interferência do cavaleiro em cima dos saltos e obstáculos naturais, usando uma posição avançada que ele tinha desenvolvido.

Este estilo de equitação depressa se espalhou à volta do mundo e pôde ser visto nas Olimpíadas do ano de 1900 e o próprio Caprilli demonstrou a sua técnica saltando nos jogos Olímpicos de 1906 tendo tido um sucesso enorme.

As pessoas começaram divertir-se com os cavalos e a modalidade de salto de obstáculos começou a tornar-se um desporto popular como também um exercício militar.

Federico Caprilli teve um acidente em 1907 tendo falecido quando o seu cavalo deslizou e caiu, porém este revolucionário do seu tempo, de uma nova posição de saltar obstáculos a cavalo, posição essa que ainda hoje pode ser vista e que trouxe indubitavelmente uma grande alegria e cooperação para quem salta a cavalo e para os cavalos que saltam obstáculos ao longo do mundo.




Etienne Beudant



Etienne Beudant viveu entre 1863 e 1949 foi um cavaleiro que causou uma grande admiração, pois ele foi o mais completo de todos os cavaleiros célebres, ele praticou magistralmente a alta escola, os saltos de obstáculos a endurance, entre outras actividades equestres…


« Cavaleiro mirabolante » como lhe chamou o general Decarpentery, realizou verdadeiras proezas equestres sobre pequenos cavalos comprados a preços muito baixos.

Homem azarado, sem fortuna, o capitão Beudant não fazia parte dos privilegiados oficiais superiores, explicando por isso a razão de não ter sido mais célebre no seu tempo.

Beudant tinha uma posição magnífica a cavalo com aprumos imperturbáveis e uma suavidade que lhe permitia um emprego das ajudas muito finas e correctas, tinha uma inteligência equestre superior e uma grande bondade, uma vontade sem falhas, de grande humildade, estas características conferiram-lhe uma imagem mágica.

Etienne Beudant, tirou grande proveito do reconhecido e famoso procedimento « mãos sem pernas, pernas sem mãos » de Baucher que lhe foi transmitido pelo general Faverot de Kerbrech, ele simplificou a expressão pois para ele bastava « mãos sem pernas ».

Com a mão ele conseguia obter um equilíbrio que lhe dava grande ligeireza e as pernas como agentes de impulsão, dizendo que as pernas perdem a sua importância com o aumento de atenção do cavalo e do seu equilíbrio, ou seja quando o cavalo perde a tendência para pesar sobre a mão e ficando mais atento e como tal mais impulsionado, diminuindo por isso a necessidade da ajuda das pernas.

A abertura excessiva do ângulo cabeça / pescoço pode parecer excessiva no início do trabalho assim como esmagar o dorso do cavalo, isto somente acontece no inicio do exercício, pois o próprio cavalo vai descobrir o seu bem estar e vai começar por se arredondar no pescoço e a descontrair a mandíbula, as espáduas começam a ficar mais ligeiras, os posteriores vão abrir e aumentar a propulsão naturalmente, sem que os anteriores os dificultem de avançar.

Beudant foi reconhecido pelos seus contemporâneos célebres como um cavaleiro fora de série, praticou o “ Baucherismo da 2ª maneira ou 2ª fase ” mais tempo que o próprio Baucher.
  
As últimas ideias equestres de Beudant:
  
- A mão fixa
- A " Passage natural "
- As mudanças de pé no galope a tempo
- Inutilidade da flexibilização
- Os dois grandes princípios sobre os quais tudo se apoia

O que pensavam os seus contemporâneos :

General Decarpentery : « Beudant é o cavaleiro mais mirabolante que eu jamais encontrei – nunca conheci um executante que lhe possa ser comparado – eu vi Mabrouk e o seu trabalho de alta escola fantástico ».

Passagem de uma carta que o general Decarpentery escreveu a Beudant em 1920.
« … Permita-me de bem precisar dois sentidos diferentes da mesma palavra : Cavaleiro – no seu verdadeiro sentido, cavaleiro é um virtuoso da arte equestre, um artista utilizando todos os seus conhecimentos teóricos da sua arte com uma técnica impecável e de " maestria " na sua execução.

Eu vos considero como um cavaleiro eminentemente, raro, para seguir o vosso protesto, isto trata-se de uma definição e não de um lisonjeio. Eu estou cheio de admiração por tudo aquilo que consegue obter dos seus cavalos e que eu jamais ousarei pedir aos meus de executar. – No sentido de Escola de Cavalaria, cavaleiro quer dizer «instrutor de equitação » sendo neste sentido, aquilo que eu somente sou, cavaleiro. 

Eu sou por isso um « peão » do ensino equestre, uma forma de « frère ignorantin » da equitação. Eu tenho o maior sofrimento do mundo, em obter dos meus cavalos a ligeireza nos três andamentos e creio que sou forte, só consigo lá chegar passando por todos os movimentos de flexão localizados, metodicamente executados e pacientemente seguidos.
 A vossa virtuosidade permite-vos estar à frente disso e eu muito vos admiro. Por exemplo, eu acredito que será extremamente perigoso para a maioria dos cavaleiros executar aquilo que para vós parece ser uma possibilidade… ».

Coronel - Veterinário Monod (Director do Serviço Veterinário das Tropas e Chefe de criação em Marrocos) :
« Uma mestre absoluto, uma paciência a toda a prova a firmeza aliada à doçura, uma observação sustentada, um julgamento certo, uma posição impecável, todas as qualidades, Beudant possui um grau tal, que no ensino dos seus cavalos, os enganos não existem. ».

Général Henrys (comandante chefe em Marrocos de 1915-1916) :
« Eu já vi trabalhar todos os grandes cavaleiros da minha geração, entre muitos o general l’Hotte. Nenhum me deixou a impressão de perfeição ideal como Beudant. ».

Três cavaleiros « en chef » da escola de cavalaria de Saumur : - De Contades : « …faz prova da equitação de um verdadeiro talento. »- Danloux : « Que felicidade eu tenho… em ser criticado por um mestre como vós. »- Lesage : « foi um admirável seguidor dos grandes princípios, tendo os aplicado tão bem quanto o general Faverot. »- Margot : (numa fotografia com dedicatória) : « Ao capitão Beudant, nosso mestre e de todos, o comandante Margot, cavaleiro «en chef» da escola de cavalaria, com toda a humildade. »- Général Donnio : « não podemos falar da equitação de Beudant, ele é um feiticeiro !. »







Faverot De Kerbrech

Nasceu em 24 de Fevereiro de 1837 e viveu até ao ano 1905 foi oficial de cavalaria, cavaleiro do imperador Napoleão III, e inspector general permanente das remontas, foi um dos alunos de François Baucher, ele expõe principalmente a segunda maneira na sua célebre obra « Dressage Méthodique Du Cheval De Selle » também foi um admirador incondicional de do general Alexis L´Hotte, foi também um dos instrutores de Etienne Beudant.

O seu primeiro mestre foi o seu pai, general baron Faverot, depois também vai trabalhar com um antigo picador do picadeiro de Versailles. Em Saint-Cyr vai ter como professores alunos do Conde D'Aure, mas acabará por seguir Baucher vindo mesmo a ser um dos seus alunos preferidos. 

Homem de cavalos com grande reputação foi responsável pelo estudo das grandes escolas de equitação da europa, autor de várias obras, mas ficará sempre como um importante continuador da obra de Baucher. 

No seu livro " Dressage Méthodique du Cheval de Selle, D' Aprés Les Derniers Enseignements de F.Baucher, Recueillis Par Un de Ses Élèves " ele completou os últimos ensinamentos e maneiras de ensino de Baucher relativamente à preocupação de substituir a força pelo emprego simultâneo das mãos e das pernas.

Publicações

1882 : Les chevaux de l’Amérique du Nord
1891 : Dressage méthodique du cheval de selle d’après les derniers enseignements de Baucher.
1903 : L’Art de conduire et d’atteler: autrefois, aujourd’hui.
1905 : Mes souvenirs. La guerre contre l’Allemagne (1870-1871)
1907 : Dressage du cheval de dehors, conseils donnés aux membres de l’Étrier (recueil posthume par le général de Lagarenne).

Citações

- Se é fácil fazer um epílogo de um tratado de equitação ou de dressage, será sempre ingrato de o redigir, vamo-nos sempre lembrar que a mais pequena demonstração a cavalo vai ser frequentemente clara no seu instante e obscura quando escrita, apesar de longas e minuciosas explicações.


- Todo o cavalo de sela deve estar fácil e agradável de montar, regular nos seus andamentos, suave e franco, também brilhante no seu conjunto.

James Fillis


Nasceu em Londres filho de uma família de cavaleiros de circo tendo vivido entre 1834 e 1913 desenvolveu o seu talento junto de Victor Franconi e depois com François Caron, tendo tido como seu opositor o capitão Saint Phalle.

Foi mestre e amigo de Georges Clémenceau que teve uma parte muito importante na redacção das suas obras principalmente na obra com o título « Principes de dressage et d'équitation » (1890).

Para François Caron, James Fillis recebeu ensinamentos indirectos de Baucher, mesmo existindo alguns pontos em que estava distante do método de mestre Baucher, ele será um dos seus continuadores.

Montava principalmente cavalos puro-sangue e também fazia muito equitação de exterior, dizia ser um adepto da escola francesa, a sua posição a cavalo era muito pouco ortodoxa.

Cavaleiro com originalidade e inovador, James Fillis assim como François Baucher, tiveram muita influência no meio equestre no meio do espectáculo como no meio do exército e competição, será testemunha disso a equitação russa contemporânea.

No seu livro, « le Journal de dressage » (1903) , James Fillis coloca-se numa posição diferente, pois ele explica como foi que idealizou os seus próprios princípios que o levaram a escrever « Principes de dressage et d'équitation » com uma sinceridade surpreendente, ele vai comentar dia após dia todos os maus e bons momentos que passou na educação dos seus cavalos.

Aborda as inumeráveis dificuldades que lhe apareceram na prática diária, nos problemas e no esforço que teve de fazer assim como os métodos que aplicou para endireitar, ensinar e tornar obedientes os seus cavalos para depois poder ter o prazer de os montar com ajudas muito finas, dentro de uma grande suavidade e ligeireza.

Os seus princípios fundamentais baseavam-se na procura do equilíbrio e na ligeireza com o cavalo em impulsão.

Pretendia chegar ao equilíbrio pela altura do pescoço com flexão na nuca e não no garrote, com uma impulsão resultante da entrada dos posteriores e ligeireza resultante da flexão da mandíbula.

« Eis a minha equitação... quando sabemos é isto, sabemos tudo e não sabemos nada. »


« Um cavalo trabalhado pela boca pode estar ao dispor do cavaleiro através de um ligeiro contacto da ponta dos dedos do cavaleiro, um cavalo trabalhado pela nuca necessita de rédeas e braços do cavaleiro sempre em tensão. Sendo por isso que o primeiro tipo de equitação se baseia na delicadeza e o segundo tipo se baseia na força »


Alexis l'Hotte


Nasceu em Lunéville em 25 Março de 1825, filho de um oficial de cavalaria, Alexis l'Hotte cresceu “ dentro do odor dos cavalo ”até aos seus 15 anos de idade, ele passou a maior parte do tempo com o comandante Dupuis, cavaleiro da escola de Versailles, entrou para a escola de cavalaria de Saumur aos dezassete anos, como oficial de cavalaria, ficando sob as ordens do comandante Delherm de Novital e trabalhando com o comandante Rousselet, tendo sido depois destacado e encarregue de diversas missões de manutenção da ordem, foi então que tomou consciência do afastamento que existe entre a equitação do conhecimento e a equitação de campanha, foi o primeiro a recomendar a prática do trote levantado ( trote à inglesa ) para os cavaleiros de fileira.

Mais tarde Regressou a Saumur, onde encontra o conde d’Aure que era cavaleiro chefe de Saumur à mais de um ano, mais tarde chamado a reprimir a revolta de Canuts, ele é enviado para Lyon, onde vai encontrar por sorte François Baucher, vindo a ser seu aluno e amigo, começou então com a síntese entre as duas escolas rivais, concluindo que o método Baucherista não se podia adaptar a uma equitação militar.

Regressa a Saumur como tenente de instrução em 1850 tendo os seus termos ficado como uma recordação inesquecível, depois foi promovido a capitão instrutor em Lille, onde montava cerca de 12 cavalos por dia, chegando a ficar em cima dos cavalos 13 a 14 horas por dia.

Nomeado como comandante da secção de cavalaria de Saint-Cyr, ele é observado e notado pelo imperador Napoléon III o que lhe vai proporcionar em 1864 a sua nomeação para o posto de cavaleiro chefe de Saumur.

A sua primeira decisão foi banir o trabalho de alta escola ficando este somente destinado a cavalos de cariz “ pessoal ”.

Uma aparente infidelidade a Baucher mostra que ele deve ter sido o primeiro a compreender a unidade fundamental da equitação, com os seus diversos meios “A equitação d'Aure é simples, prática, facilmente transmissível, mas os seus horizontes são demarcados, a equitação de Baucher é artística, apresenta perspectivas mais extensas mas ela tem os seus obstáculos...ela não é acessível a todo mundo, a Corynthe…a poesia da equitação (falando de Baucher)...formar bons prosadores (A propósito de d'Aure)”


Participou no picadeiro de Saumur no primeiro concurso da Sociedade Hípica Francesa de Paris no ano de 1866 onde alcançou um verdadeiro triunfo, durante seis anos fica em Saumur como cavaleiro chefe, ele é verdadeiramente adorado pelos seus alunos, mesmo aqueles que o reprovam o facto de ser avarento nos seus conselhos e ensino, o que lhe vai dar o sobre nome de « sublime mudo ».

Efectivamente na sua obra ele mostra as suas qualidades de pedagogo, mesmo sendo ele um silencioso observador, em 1870, o picadeiro de Saumur é dissolvido e l'Hotte, promovido Coronel e transferido para Paris.

Vai continuar a fazer regulares visitas a Baucher que se encontra doente, participa em algumas batalhas sangrentas e por fim consegue impor o trote levantado nas escolas militares de equitação.

Regressa pela quarta vez a Saumur, agora como general comandante da escola de Saumur, vai terminar a sua carreira militar coberto de honras militares, inspector-geral de cavalaria, presidente do conselho de cavalaria até se reformar em 1880.

Montando todas as manhãs os seus três cavalos até aos seus 77 anos, redige as obras “ Un officier de cavalerie ”, onde ele faz o retrato dos grandes cavaleiros do seu tempo e principalmente na obra “ Questions Equestres ” que é síntese do ensinamento dos grandes rivais da época, tendo sido aluno de um e amigo de outro, junta no livro também a sua imensa experiência equestre.

Estes dois livros somente aparecem em 1905 e 1906, após a sua morte a 3 Fevereiro de 1904, em Lunéville, no seu testamento, ele ordena « eu quero evitar a decadência dos meus três cavalos, Glorieux, Domfront et Insensé. Que sejam imediatamente abatidos com uma bala de revolver ». 
Decisão cruel e de grande orgulho, ou a sincera vontade de um apaixonado dos cavalos, preocupado em evitar uma má sorte aos seus companheiros.

 Algumas citações

« Calmo, para a frente e direito. »

« É na ligeireza que repousa a equitação do conhecimento. »

« A verdadeira ligeireza é ter o cavalo ligeiro nas pernas assim como na mão. »

« A arte não se aprende nos livros, quem não se cultiva será somente quem já sabe. »

Gustav Steinbrecht


Filho de um pastor, nasceu em 1808 em Amfurth próximo de Seehausen, foi aluno de veterinária em Berlim tendo seguido o curso de equitação no picadeiro de Seeger, que desde à muito tempo tinha grande reputação.

Ao fim de oito anos de formação com a idade de 26 anos tomou a direcção de um picadeiro criado em Magdebourg.

Oito anos após em 1844 casou com uma sobrinha de Seeger e regressa para Berlim, onde o seu antigo mestre dirigia na época o institudo equestre « Seegershof ».

Steinbrecht era já um nome conhecido devido ao seu talento de ensino de cavalos como também de instrutor.

Em 1849 tomou conta da direcção do Seegershof e em 1859 perante uma situação favorável que lhe permitiu adquirir um instituto em Dessau, tendo se instalado nesta cidade durante 7 anos, tendo se dedicado quase que exclusivamente na sua especialidade que era ensinar cavalos para escolas, incansável relaciona-se com os circos de Renz, Herzog, Carré, entre outros, mesmo até com circos americanos e ingleses sem contar com os cavaleiros particulares de todos os países que praticavam a sua arte.

Não vai procurar a satisfação imediata do circo mas ficará estritamente ligado à equitação académica.

Ele para além do trabalho montado não se repetiu nem se baseou em instrumentos inertes, tendo sido da sua escola que saiu na época a célebre cavaleira Elisa Petzold, estrela inigualável do circo Renz, tendo-lhe ficado para sempre muito grata e reconhecida.

As primeiras notas de Steinbrecht sobre o seu sistema de equitação datam dos anos que precederam imediatamente a sua partida de Berlim para Dessau, tendo ele aproximadamente cinquenta anos.

Infelizmente essas notas ficaram inacabadas na sua secretaria, em 1865 por solicitação da sua mulher decide deixar a pequena cidade de Dessau para regressar a Berlim.

Não se sentindo com força para acabar a sua obra de equitação ele encarrega os seus melhores alunos nomeadamente Plinzner, para acabarem a obra por serem aqueles que melhor compreenderam os seus ensinamentos e conselhos
Faleceu em Fevereiro de 1885 e a obra foi imprimida com o título « Gymnase du cheval » sendo a primeira edição de 1885 seguindo-se depois várias edições.

É um método de equitação que podemos sem medo afirmar que não existe outro igual na Alemanha nem fora ou outro assim tão coerente e completo.



Comandante d'Aure



Nasceu em Toulouse a 2 Junho de 1799 Antoine Philippe Henry Cartier d'Aure, passou com sucesso aos 15 anos no exame de entrada para Saint-Cyr, tendo entrado em 1821 para a Escola de Versailles debaixo da direcção de Pierre-Marie d'Abzac, mostrou qualidades de “ assiette ” posição, destreza e audácia a cavalo, tendo por isso várias vezes sido elogiado pelo seu mestre, sendo ele mesmo que o vai substituir após a sua morte em 1827 na chefia do picadeiro de Versailles.

Brilhante como homem e brilhante como cavaleiro, foi a coqueluche da corte Luís XVIII e depois de Carlos X, publicou numerosos trabalhos (sobre a situação da criação do cavalo em França, sobre as coudelarias e sobre a sua concepção de uma escola de equitação modelo) vai ser um inovador no picadeiro de Versailles, sendo ele por vezes a fazer o desbaste dos cavalos novos.

Com grandes princípios da escola clássica, foi sempre a sua intenção de a simplificar e adaptar à equitação de exterior.

No fim do reinado de Carlos X, em 1830 a escola de Versailles foi suprimida e d'Aure vai criar sucessivamente três picadeiros com grande sucesso, no entanto o seu picadeiro da Duphot, exageradamente luxuoso, foi um grande fiasco financeiro “ um d'Aure não se interessa com detalhes sórdidos..” chegando a uma situação de falência, depois graças à ajuda do Lorde Seymour, vai abrir o seu terceiro picadeiro na rua de la chaussée d'Antin.

Foi na sua época que surgiu o grande debate ou disputa com Baucher que foi motivo de grandes movimentos de apoio para ambos os lados, em resposta a esta rivalidade ambos escreveram livros e depoimentos que em muito contribuíram para o estudo da equitação.

Vai tentar durante muito tempo ser cavaleiro chefe de Saumur, mas um desentendimento que teve com o marechal Soult, ministro de Guerra na época, somente em 1847 consegue isso graças à reforma do marechal e à ajuda do duque de Nemours, que era um d'Aurista fervoroso.

Nomeado para Saumur, desenvolve uma equitação de exterior, sendo exigente com os seus alunos, considerado um mestre e de grande conhecimento do cavalo, como civil que era, vai ter alguns desentendimentos com alguns militares, principalmente com o coronel Jacquemin, segundo comandante da escola.

Dos seus alunos destaca-se o jovem tenente, L’Hotte, ficará em Saumur até 1855, cansado e doente, publicou em 1853 “ Cours d'équitation ”, obra considerada como superior ao seu tratado de 1834, tendo falecido em 1863
  
Algumas Citações
  
« Devemos pensar no movimento que queremos executar, depois disso tudo vai só ».
  
« Sempre contrabalançar os efeitos da mão pela acção das pernas, tentar mudar as resistências sem nunca abandonar o contacto com a boca do cavalo ».
  
« Para possuir um cavalo, o acordo das mãos e das pernas é indispensável »

« um cavalo é como um barco, conduz-se pelas extremidades »

« quanto menos se faz, melhor se faz »

As principais obras que publicou foram as seguintes :
  
  • Traité d'équitation (1834)
  • Réflexions sur une nouvelle méthode d'équitation (1842)
  • Cours d'équitation (1853)