Sally Swift, fundadora da equitação centrada, (1913-2009) cresceu em Hingham, Massachusetts, sul de Bóston. Com oito anos de idade uma escoliose (desvio ou deformação natural da espinha dorsal) apareceu-lhe e desde então fez parte da sua vida. Trabalhou com Mabel Elsworth Todd, autor de " The Thinking Body " a sua consciência e a procura de um corpo centrado foi desde logo o seu objectivo, começando muito cedo a tentar encontrar e a desenvolver essa atitude.
Após ter acabado a sua formatura, ela ensinou a montar durante os seguintes doze anos antes de passar por outros locais, por último aposentou-se da Associação Americana de Holstein, tendo continuado a ensinar a montar a cavalo mas agora somente para alguns amigos. Desenvolveu as várias técnicas e os quatro fundamentos da equitação centrada, tendo sido as suas clínicas de equitação centrada para cavaleiros e também instrutores, o uso das suas técnicas também tem aplicação em áreas novas como seja para cantores e terapeutas físicos, as suas actividades pedagógicas foram levadas pelos Estados Unidos como também para o Canadá, Austrália e Europa.
O seu livro de equitação centrada, agora um clássico, foi publicada em 1985 e recentemente celebrou seu vigésimo ano impresso foi traduzido em catorze idiomas e vendeu mais de 500.000 cópias a nível mundial. Em 1986 Sally também produziu dois vídeos sobre a equitação Centrada, um segundo livro de equitação centrada foi publicado em 2002 e obteve os mesmos passos do seu predecessor com oito edições e em vários idiomas.
Sally também trabalhou com a " Alexander Technique " tendo lhe permitido retirar a parte de trás da sua cinta que ela usou durante dez anos. Este método " Alexander Technique " é um método para reeducar a mente e o corpo para um maior equilíbrio e melhor integração com referência especial para postura e o movimento. A Técnica não mudou nenhum dos seus princípios básicos, mas somou significativamente, profundidade e subtileza no seu ensino.
A equitação centrada parte de um método que tem como princípio o centro do corpo do cavaleiro e se traduz no seu perfeito equilíbrio e no conhecimento interior tanto do cavaleiro como do cavalo.
Como exemplo, podemos imaginar, quando levamos uma mochila às costas, se essa mochila não tem o seu conteúdo bem distribuído ela vai se tornar muito incomoda, fazendo parecer mais pesada do que é na realidade, principalmente sobre os ombros, imaginando que somos um cavalo e nos pomos com as mãos e joelhos no chão, se alguém começar a dar pequenos toques nas costas, elas vão se afundar e a nossa cabeça vai se levantar, principalmente quando esses toques se vão aproximando da zona pélvica.
Isto é o que acontece com os cavalos quando não nos sentamos correctamente no seu dorso, quando damos fortes golpes no arreio nos diversos andamentos, principalmente no trote sentado, nas transições e também quando saltamos um obstáculo e aterramos bruscamente no arreio, tudo isto vai ter como consequência o afundar do dorso do cavalo e o levantar da cabeça.
Outra experiência muito interessante, que também podemos fazer para melhor e compreender as reacções do cavalo é imaginando que somos um cavalo, se alguém começar a fazer-nos pequenas massagens de modo agradável e simultaneamente de ambos lados da coluna vertebral, a reacção que vamos ter é bastante agradável, começamos então a elevar a coluna e a arqueá-la como um gato, ora isto seria fantástico se conseguíssemos ter o mesmo efeito no cavalo.
Quatro Princípios Básicos
1. Olhos
2. Respiração
3. Centralismo
4. Cubos de construção
1.Olhos
Olhos Duros - Com o cavalo parado, sentados tranquilamente focamos por exemplo uma letra do picadeiro e fixamos com os nossos olhos essa letra e concentramo-nos no perfil exacto da letra, forma, cor e densidade, a isto vamos chamar olhos duros.
Olhos Suaves - Da mesma forma com o cavalo parado relaxamos os olhos e olhamos o mesmo objecto neste caso a letra mas de uma forma mais abrangente, com um ângulo o mais aberto possível e olhamos para cima e para baixo da letra, aumentamos assim o campo visual, ao que vamos chamar uma visão com olhos suaves.
Uma experiência interessante é a passo sem estribos, vamos alternar entre olhos duros e olhos suaves, para iniciar fixamos os olhos nas orelhas do cavalo, portanto numa visão concentrada, olhos duros, depois abrimos o campo de visão e passamos para olhos suaves, observando todo o espaço que se situa por cima do cavalo, a conclusão a que chegamos é que com uma visão suave temos mais facilidade em sentir o dorso do cavalo e daí podermos concluir, que utilizar uma visão suave é mais do que uma maneira de olhar mas também uma nova maneira de sentir o cavalo.
Pontos essenciais dos olhos suaves
• Montar com os olhos amplamente abertos e consciência periférica.
• Manter a consciência de todo o seu campo de visão.
• Permitir sentir sensações desde dentro.
Resultados dos olhos suaves
• Maior campo de visão.
• Aumento da consciência de si mesmo e do corpo do cavalo.
• Menos tensões.
• Movimento para a frente mais fácil e livre.
2.Respiração
Quando fazemos a respiração devemos pensar no diafragma, que é um poderoso músculo que cruza o corpo debaixo da caixa torácica, encontrando-se na frente e na base do externo é um dos maiores músculos do corpo humano.
Inspiração – o diafragma move-se para baixo criando um vazio nos pulmões.
Expiração – o diafragma relaxa-se e volta à sua posição de descanso, expulsando o ar.
Quando se pede para fazer uma respiração profunda, muitas pessoas fazem a expansão da caixa torácica para os lados e para cima o mais possível, esquecendo o diafragma, pois quando respiramos profundamente, devemos nos preocupar em baixar o mais possível o diafragma, com os ombros relaxados para as costelas se abrirem naturalmente juntamente com esse movimento e como consequência da entrada de ar os ombros vão se estender.
Enquanto montamos podemos puxar da imaginação, com os olhos suaves tentar sentir a respiração baixar no seu corpo até à cintura seguindo depois para a pélvis, isto tem como finalidade fazermos uma respiração com o diafragma, também é mais fácil trabalharmos com imagens mentais do que trabalharmos a pensar concretamente nos músculos, por isso podemos imaginar que temos um tubo central ligado a dois tubos por onde circula a nossa respiração.
Pontos essenciais da respiração correcta.
• Respirar através de todo o corpo.
• Respirar com ritmo e constantemente.
• Respirar com movimento de fole.
Resultados da respiração correcta
• Reduzir a tensão do corpo.
• Tornar o corpo menos pesado.
• Baixar o centro de gravidade.
• Tranquilizar o cavalo, ser mais receptivo às ajudas
• O cavaleiro não se cansa facilmente.
3.Centralismo
Para controlar efectivamente o seu corpo e o corpo do cavalo, o cavaleiro deve encontrar o seu centro de gravidade, na generalidade dos casos, a tendência do cavaleiro é de ir para a frente e para cima, sendo também a respiração feita principalmente com o peito, fazendo com que aumente a nossa tensão e reduza a nossa mobilidade, elevando o nosso centro de gravidade, fazendo por isso o cavaleiro mais pesado na sua zona mais alta do que em baixo junto ao arreio, reduzindo por isso a coordenação do cavaleiro.
Com o abaixamento do centro de gravidade podemos superar essas dificuldades, geralmente o que acontece é que o cavaleiro encontra-se atrás do seu ponto de equilíbrio e atrás do movimento do cavalo, para encontrar o centro de gravidade basta simplesmente apontar o dedo num ponto entre o umbigo e o arco púbico, por trás desse ponto encontramos a parte frontal da coluna vertebral onde se encontra o ponto de equilíbrio e de energia.
Para se conseguir o controle vamos utilizar os olhos suaves, com uma respiração suave fazendo a respiração estender-se através do corpo todo do cavaleiro, imaginando um boneco sempre em pé, daqueles que tem uma base mais pesada que o resto do corpo, mas que voltam sempre ao equilíbrio depois de empurrarmos a sua parte superior, quando estamos a cavalo vamos de fazer o mesmo, ou seja vamos tentar pôr o peso do corpo o mais baixo possível para assim voltarmos ao equilíbrio sempre que o corpo se desequilibra.
Pontos essenciais da centralidade
• Encontrar o centro físico com a mão.
• Utilizar olhos suaves.
• Respirar através do centro.
• Deixar o pensamento cair no centro.
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Resultados da Centralidade
Resultados da Centralidade
• Estabelecer equilíbrio, controle e energia.
• O centro de gravidade é mais baixo.
• A parte superior do corpo parece mais ligeira, mais estável e mais fácil de controlar.
• O assento e as partes baixas parecem estar mais pesadas e seguros.
• Relaxam-se as tensões que bloqueiam os fluxos de energia através do corpo.
• Estar relaxado e preparado para os exercícios.
4.Cubos de Construção
As diferentes partes do corpo são como peças que se encaixam umas nas outras as quais estando em equilíbrio reduzem a tensão e o esforço muscular que se utiliza para manter o corpo numa posição correcta, sendo por isso fundamental que esses cubos imaginários se encontrem em equilíbrio uns em cima dos outros.
O cubo de construção é formado pelas seguintes partes.
• Base é formada pelas pernas e pés.
• Parte pélvica.
• Caixa torácica.
• Ombros.
• Cabeça e pescoço.
Para os cubos estarem bem alinhados, devemos fazer passar uma linha imaginária, que parte da orelha e que vai dividir o perfil do cavaleiro em duas partes iguais, no cubo da base essa linha deve passar no tornozelo, relativamente ao salto e ao galope em suspensão, vamos ter outro centro de gravidade pois as ancas ficam atrás do centro de gravidade para compensar o avanço da cabeça e ombros.
Quando as pernas estão numa boa posição os pés devem somente descansar sobre os estribos, numa posição aproximada do plano, sendo a altura dos estribos relacionada com o trabalho pretendido, se for para o plano eles devem estar numa altura em que o pé se apoia no estribo levemente, se for para saltar ou galopar em velocidade devem ser subidos pois o corpo do cavaleiro também vai ter um equilíbrio mais para a frente do centro de gravidade.
A cilha também tem muita importância no equilíbrio do cavaleiro, ela deve estar bem posicionada e adaptar-se bem na conformação física do cavalo, também, não deve escorregar alterando assim a posição do cavaleiro.
Pontos essenciais dos cubos de construção
• Corpo equilibrado desde os pés até à cabeça.
• Estribos bem ajustados.
• Cilha equilibrada correctamente.
Resultado dos cubos de construção
• Equilíbrio uniforme com o movimento do cavalo.
• Movimento fluido e cómodo do cavalo.
Para aproximarmos o centro de gravidade entre o cavalo e o cavaleiro, devemos procurar no trote sentado o movimento em que vamos ao arreio com mais suavidade.
Exercício – Trotar sentado um tempo e dois tempos levantado sobre os estribos, repetindo a sequência, caso consiga vai dar ideia de estar a dançar no movimento do cavalo, caso contrário se estiver com dificuldades no exercício, vê-se obrigado a permanecer sentado mais que um tempo dando golpes no dorso do cavalo, em cada elevação do trote levantado o cavaleiro deve imaginar que tem uma mola preza ao seu cinto que o puxa diagonalmente para cima e para a frente em direcção ao céu.
Cérebro
O cérebro está dividido longitudinalmente em duas metades separadas, a parte direita e uma parte esquerda, que têm funções diferentes, nos modelos de consciência e de aprendizagem, cada lado tem as suas próprias funções, sendo o lado esquerdo o lado prático e de organização e de racionalidade e detalhes enquanto a parte direita tem uma função mais alargada como seja a imaginação e instintos.
Se utilizamos a parte esquerda para executarmos um círculo estamos atentos a todos os detalhes do círculo, como seja as ajudas o tamanho do círculo e todos os pormenores técnicos associados, enquanto a parte direita controla por exemplo os músculos que tem respostas automáticas e outro tipo de reacções instintivas, como uma imagem global.
Enquanto executamos os exercícios o cérebro do cavaleiro, principalmente a parte esquerda pode interromper o que estamos a fazer com pensamentos relacionados ou não com o que estamos a fazer, por exemplo quando estamos a fazer um círculo podemos estar a pensar que o cavalo na porta tem tendência a fugir, como também nos podemos lembrar de outras coisas que nada tem de relacionado com o que estamos a fazer como por exemplo, que não lavamos os dentes nessa manhã, com este tipo de pensamentos perdemos a concentração naquilo que estamos a fazer.
Se as duas metades do cérebro forem bem utilizadas elas são utilizadas igualmente, no entanto o que acontece é uma intervenção mais constante do lado esquerdo, as pessoas utilizam mais essa parte do que o necessário e por isso surgem dificuldades desnecessárias, sendo agora o interesse em utilizar mais a parte direita do cérebro, resultando daí menos luta e uma maior fluidez.
Um exercício será tentar deixar a imaginação estabelecer no lado direito do cérebro, através de olhos suaves, a colocação das pernas, utilização dos ombros, braços, mãos e posição da cabeça, criando uma imagem que deve aparecer na parte direita do cérebro, juntamente com o som e o ritmo, conseguindo desta maneira atitudes de relaxamento através de movimentos imperceptíveis, que vão dar uma melhor atitude e controles no movimento do cavalo, tornando-se com a prática um mecanismo automático.
Vídeo Interior
Será uma ideia ou imagem que podemos criar ou imaginar, antes de executarmos um exercício vamos imaginá-lo por exemplo num círculo, depois organizamos a respiração e começamos o exercício como se pusesse-mos um filme a passar na tela, deixando o filme andar para a frente sem medo nem contracções, no entanto devemos parar o filme sempre que ele esteja a ser um mau filme e por isso voltamos a trás ou mesmo ao inicio do filme para começar uma nova gravação.
Todas as partes obscuras do filme serão situações pouco correctas e de execução menos perfeita, por isso devemos iniciar de novo o filme e a gravação, com ajudas suaves corrigimos as partes do filme que ficaram escuras, eliminando-as para não voltarem a aparecer nas gravações, com isto podemos imaginar que vamos realizar o filme por exemplo de um círculo, repetindo as vezes necessárias para fazermos uma gravação o mais perfeita possível, repetindo as cenas mais complicadas sempre que não ficaram bem na gravação, até chegarmos a um ponto em que podemos fazer a gravação final e depois podermos apresentar um filme que seja bonito de ver.
Para construir o filme com imagens perfeitas precisamos então de utilizar olhos suaves e olhos duros concentração e respiração, trabalhando todos estes factores em conjunto, também podemos fazer revisões ao filme sem estarmos a cavalo, isto é uma revisão mental daquilo que realmente conseguimos gravar e daquilo que ainda não está pronto para a gravação
Concentração
Quando fazemos um grande esforço para nos concentrarmos temos como consequência o aparecimento da tensão, o nosso corpo fica rígido a respiração bloqueia e como consequência temos a subida do centro de gravidade, começamos a ter uma trabalho duro, com predominância da parte esquerda do cérebro a funcionar, devemos ter um tipo de concentração como tem as crianças quando constroem uma figura com cubos ou como brinca o gato com o novelo ou o cão com a bola, se tirarmos os objectos a sua concentração desaparece mas enquanto estão concentrados, estão num estado de relaxamento e felicidade.
Para alguns é mais fácil atingir o estado de concentração do que para outros, mas a chave da concentração a cavalo, vai ser tentarmos ignorar todos os factores que nos rodeiam e nos tiram a concentração, como sejam os barulhos o equipamento que não é a nosso gosto, o cão que ladra, a criança que chora, entre muitos outros efeitos que nos atrapalham naquilo que estamos a fazer concentrados, uma das maneiras de suportar estes efeitos é aceita-los e elimina-los do nosso trabalho, repetindo os exercícios, quando interrompemos o nosso estado de concentração sempre com olhos suaves e respiração com o diafragma estabilizando o trabalho e utilizamos a parte esquerda do cérebro, sempre que precisamos de repor a nossa posição a cavalo, podemos imaginar que temos um botão que ligamos e desligamos na nossa parte esquerda do cérebro, sempre que assim o desejamos, conseguimos assim uma concentração pois a evolução do trabalhos vai nos dando o prazer aliado à concentração daquilo que fazemos e vamos alcançando suavemente o equilíbrio numa concentração suave.
Consciência e Auto-Exploração
Um dos objectivos é conseguir um aumento de consciência e uma maior independência de movimentos, um dos problemas são as situações sociais que criam muitos modelos musculares incorrectos, outro é a concentração centrada num só problema com a sensação que só depois de corrigido podemos ir para a frente, isto provoca um descuido do resto do corpo com a consequência de aumento de tensão num ponto e desequilíbrio, devemos tratar por secções e não por partes isoladas.
Quando nos concentramos em determinado problema estamos a gastar a nossa energia nesse problema, sendo por isso importante não gastar toda a energia nesse ponto, através da transferência de energia nas diferentes partes do corpo, podemos abordar as dificuldades utilizando músculos que não sabíamos que podíamos utilizar na correcção de determinadas dificuldades.
Pontos essenciais de aprendizagem e de concentração
• Utilizar olhos duros e o cérebro esquerdo para identificar as funções e sensações correctas de um movimento concreto.
• Utilizar olhos suaves e o cérebro direito para integrar as sensações num todo.
• Não ficar demasiado tempo numa só zona problemática no próprio corpo ou do cavalo.
Quais os resultados :
• As partes de um movimento sincronizam-se num todo.
• O corpo responderá com menos esforço e funcionará correctamente.
Anatomia
Poucos cavaleiros pensam nos seus ossos e pensam muito nos seus músculos com excepção dos ísquios que são os ossos que o cavaleiro utiliza para se sentar, mas o que acontece é que se os ossos estiverem bem posicionados entre os seus extremos, com as articulações bem posicionadas então o cavaleiro está em equilíbrio e bem coordenado, isto vai ter como consequência que os músculos vão trabalhar menos e vai haver menos tensões.
A pélvis e a parte inferior
A pélvis é a base do assento do cavaleiro, sendo formada por um conjunto de ossos fundidos, a coluna vertebral une-se à parte posterior da pélvis no sacro, que é o osso para onde se transmite o peso da coluna ao sacro.
As pernas tem a sua articulação móvel com a anca na parte mais adiantada da anca, os ísquios estão directamente debaixo das articulações da anca, por trás dos ísquios e debaixo do cóxis estão as nádegas, quando a pélvis está bem alinhada o cavaleiro senta-se sobre os seus ísquios e sobre os glúteos, as pernas sobem até metade da pélvis em ambos os lados, a cabeça do fémur é redonda como uma bola e ajusta-se numa cavidade profunda sobre os ísquios na pélvis, desde a articulação da anca na pélvis o fémur tem uma extensão para o lado num ponto que se chama trocánter maior que possibilita uma maior abertura da perna, conseguindo por isso o cavaleiro sentar-se sobre o dorso do cavalo, a articulação do fémur com a anca tem uma grande importância em todos os movimentos das pernas.
Vamos tentar encontrar a articulação do fémur com a pélvis, para isso subimos e descemos a perna e tentamos encontrar na anca o ponto onde é feita a articulação, provavelmente vamos encontrar a articulação muito mais baixa do que pensávamos, tanto de pé como sentados o movimento da pélvis está intimamente relacionado com o movimento da parte inferior das costas e das articulações da anca.
Sentados no cavalo sem estribos pôr uma mão na parte baixa das costas ao nível das cinco vértebras lombares da coluna vertebral entre as costelas e a pélvis, nesse ponto as costas devem estar rectas ou terem uma curvatura muito ligeira para a frente, se ela está muito curva para a frente, devemos no arreio puxar a pélvis para a frente levando por isso os ísquios para a frente, deixar as costas relaxar e assim os glúteos ocuparem o espaço vazio.
O importante é termos a parte baixa das costas direita e relaxada, para assim estarmos relaxados e evitar as tensões, se arredonda a parte inferior das costas ou seja a curvatura contrária, deve se concentrar para sentir o centro e a zona lombar da coluna vertebral, movendo-se para a frente e para cima, conseguindo com isso endireitar a coluna vertebral e meter a pélvis para a frente baixando-a na sua parte frontal, ficando nivelada e assim não ser preciso que se apoie sobre as nádegas.
Para sentirmos o movimento e os seus efeitos, no movimento a passo e sem estribos sentamo-nos sobre os ísquios e sobre as nádegas numa posição correcta, isto vai facilitar o movimento do cavalo, depois relaxamos completamente as nádegas e a parte posterior dos músculos, assim como os músculos das costas entre a cintura e o arreio, como também os músculos do estômago, isto não vai criar movimento, fazendo o cavalo imobilizar-se, depois retomamos a posição de equilíbrio com uma mão na parte inferior das costas aparecendo de novo o movimento livre da anca.
Joelhos e Barriga das Pernas
Vamos imaginar que temos uma corda que sai da articulação do joelho com um peso no sítio correspondente ao pé, vamos balancear a corda com o peso para a frente e para trás sem tocar no cavalo, com os pés relaxados sem atirar o peso nem para trás nem para a frente, somente precisamos de empurrar para iniciarmos o movimento, depois as pernas livremente oscilam, o que não acontece se quisermos fazer pausas entre os movimentos de balancear das pernas, essas pausas originam esforço e mais rigidez em comparação com o balancear livre, a conclusão que devemos tirar é que a liberdade do joelho é fundamental para o trote sentado e para o galope.
Com as pernas relaxadas vamos fazer movimentos de rotação com os pés, tanto no sentido horário como no sentido contrário, relaxar os dedos dos pés sentindo que estão activos e relaxar e descontrair os tornozelos.
Começar a fazer o exercício de balancear as pernas alternadamente para a frente e para trás, este exercício vai abrir as articulações da anca, o exercício seguinte será abrir as pernas para fora do cavalo deixando-as cair em seguida suavemente, a perna deve abrir na linha da pélvis e da orelha, depois podemos executar o exercício de encolher e esticar as pernas, pegando com a mão o tornozelo e deixando cair devagar a perna.
Estes exercícios têm a finalidade de descontrair o cavaleiro soltando-o e fazer com que se sente mais correctamente através dos ísquios e dos glúteos e a parte posterior dos músculos, a parte inferior das costas deve o cavaleiro senti-la larga e relaxada, as pernas devem estar cómodas à volta do cavalo, proporcionando assim uma sensação de equilíbrio.
Pélvis e a parte superior
A coluna vertebral ascende desde a parte posterior da pélvis, tendo várias curvas para a frente e para trás, sendo muito importante que as curvas da coluna vertebral, se equilibrem, mutuamente não sendo as curvas exageradamente curvas nem demasiado rectas.
Para equilibrarmos correctamente a cabeça não basta atirar a cabeça para trás, mas devemos reduzir as curvaturas na zona torácica e lombar, estabelecendo uma ligação normal e nivelada da coluna vertebral.
Podemos imaginar que temos a cabeça presa por uma corda tipo uma marioneta, nessa posição sentimos que temos o rosto perpendicular e bem apoiado na coluna vertebral, vamos sentir a parte anterior do pescoço relaxada e a parte posterior ligeiramente esticada, mas o importante é sentir que estamos com a cabeça bem equilibrada.
Nem todas as partes da coluna tem mobilidade igual, o pescoço tem uma grande mobilidade, as vértebras torácicas têm algum movimento no entanto estão restringidas pelo impedimento das costelas, a zona lombar tem considerável liberdade para a frente e para trás e para os lados, os ombros são compostos por um conjunto de ossos que se denomina cintura da escapula pois estão à volta da parte superior das costelas, sendo as clavículas que formam a parte dianteira desta cintura e os omoplatas a parte posterior, a cintura da escápula vai unir-se às costelas num só ponto que é onde se unem as clavículas na parte superior do externo, fazendo efeito de dobradiça, tendo por isso os ombros liberdade de movimento através dos músculos que se unem à cabeça e ao pescoço.
Um exercício que devemos fazer é num círculo grande a passo, movemos os ombros em direcção às orelhas depois para trás e em seguida deixamos cair os ombros livremente, com este exercício temos a noção de que os omoplatas quase se tocam quando puxamos os ombros a trás, este movimento deve ser circular e ajuda-nos a colocar a cabeça ombros e braços numa posição de equilíbrio.
O fundamental é que o corpo esteja livre e flexível, que possa mover-se e equilibrar-se com o cavalo, evitando atirar os ombros para a frente vai permitir que estejam na sua posição de equilíbrio.
As Costelas
As partes dianteiras e laterais das costelas podem mover-se muito, o que acontece na respiração, com a abertura das costelas e diafragma, expandindo a caixa torácica e contraindo a caixa torácica quando expiramos, se conseguirmos manter uma sensação de elasticidade e de liberdade em toda a parte superior do corpo, isto vai proporcionar uma grande liberdade de movimentos.
Cabeça e pescoço
Para entendermos qual a posição da cabeça, fazemos alguns movimentos oscilantes com a cabeça mas sem utilizar o pescoço, movimentos laterais e para frente e para trás, para assim sentirmos que a cabeça se apoia no pescoço, com estes movimentos podemos imaginar que a cabeça é uma bola de bilhar e se encontra apoiada na ponta de um taco de bilhar, quando montamos devemos procurar o equilíbrio da mesma forma que a bola em cima do taco, evitando a fixação da cabeça em cima do pescoço pois isso vai criar tensões e rigidez.
Se tivermos a cabeça bem equilibrada podemos sentir o peso da cabeça passando através da coluna vertebral até aos ísquios e glúteos, que em última instância proporcionam a base do equilíbrio da cabeça.
Com os ombros e cabeça bem equilibrados vamos utiliza-los como um instrumento, pesando a cabeça entre quatro e sete quilogramas, vamos fazer o seguinte exercício, deixamos cair a cabeça para a frente como se fosse um peso morto, isto vai ajudar a esticar a coluna vertebral, fique relaxado sentindo que está a esticar a parte posterior da coluna através do pescoço e abrindo as costelas, deixe estar durante algum tempo nessa posição para assim verificar que sente bem a coluna a esticar, ao mesmo tempo que mantém a respiração, tente sentir a base da coluna, depois vamos endireitar e vamos fazer o contrário, vamos deixar a cabeça cair para trás, esticando a parte da frente da coluna vertebral, continuando a mesma imagem de esticamento da coluna e abertura das costelas, mantendo o estômago relaxado, depois fazer o mesmo mas lateralmente.
Após estes exercícios podemos verificar que podemos baixar muito melhor a coluna vertebral e termos a sensação de qual a posição de equilíbrio, por exemplo se apertamos a nossa mandíbula isto vai afectar todo o corpo e a coluna vertebral, se movemos os dedos dos pés vamos sentir melhor os estribos e diminuímos o peso sobre os estribos, relaxando também a coluna vertebral e pescoço, se os ombros estão rígidos a respiração será pouco profunda, as relações entre as diferentes partes do corpo são intermináveis, pois cada parte do corpo afecta de algum modo todas as outras partes.
Tem especial importância a liberdade e equilíbrio da cabeça e pescoço, para deixar que a cabeça vá adequadamente para a frente e para cima devemos olhar para a frente com olhos suaves, à medida que as costas se vão abrindo através dos ombros por meio dos omoplatas e diafragma, vai alargando a parte baixa das costas e ancas, ficando o sacro livre e equilibrado para cair e nivelar a pélvis.
A contracção do pescoço pode ser uma das razões de rigidez, tentar descontrair o pescoço imaginando que se encontra livre e solto, deixando que o corpo se mova sem essa tensão, utilizar a imaginação em vez da força, para assim conseguirmos ter movimentos naturais, tendo sempre em atenção que um corpo equilibrado permite um estado mental equilibrado.
Pontos essenciais do conhecimento da anatomia
• Montar com os ossos.
• Sentir as articulações da anca.
• Deixar que as pernas se liguem às suas articulações da anca como uns pés de pato.
• Segurar a perna como uma porta é segura pela dobradiça.
• Manter as barrigas das pernas como pesos de uma corda.
• Imaginar que a corda se prende aos tornozelos.
• Sentir a cintura como uma canga.
• Crescer as clavículas.
• Relaxar o pescoço e equilibrar a cabeça.
• Ter consciência das inter relações de todas as partes do corpo.
• Imaginar que somos uma marioneta em cima do cavalo.
Resultados do conhecimento da anatomia
• Aumento da consciência do corpo.
• Mudança de hábitos antigos e tomar decisões mais claras.
• Corpo equilibrado vai criar um estado mental equilibrado.
Equilíbrio e Liberdade do Corpo
Para alcançar o objectivo do equilíbrio o cavaleiro deve sentar-se equilibrado em cima do cavalo, uma das maneiras de ver se está centrado é pedir ajuda a alguém para ajudar a verificar se estamos bem centrados em cima do cavalo tanto longitudinalmente como lateralmente, depois da ajuda de quem nos observa e encontrarmos a posição centrada, devemos memoriza-la para nunca esquecermos qual a nossa posição centrada.
Uma outra situação é a diferença no apoio que fazemos nas pernas e consequentemente nos estribos, acontece que pesamos sempre mais num estribo, para contrariar isso devemos tentar encontrar o equilíbrio de força nas duas pernas, um dos processos que podemos utilizar é descontrair os dedos dos pés para assim termos melhor noção qual o pé que mais peso faz no estribo e procurarmos a igualdade de peso.
Outro problema que podemos ter é termos as costas ligeiramente para a frente ou ligeiramente para trás, sem termos a verdadeira sensação de equilíbrio, uma das formas de procurarmos o equilíbrio vertical é primeiro inclinarmos o corpo para a frente e depois para trás, em ambos os movimentos utilizamos as articulações da anca e os seus músculos, se imaginarmos que estamos montados a cavalo somente com o busto não utilizando as pernas, vamos ter uma ideia do equilíbrio vertical que devemos ter.
Um exercício que podemos fazer é pedir ao nosso ajudante que nos ponha uma mão nas costas, na zona da coluna vertebral na base da caixa torácica, para assim sentirmos que a coluna irradia desse ponto para cima através do pescoço e cabeça e para baixo.
Outro exercício é pormos uma mão na zona do sacro e o nosso ajudante com uma a mão na coluna vertebral na zona da caixa torácica, depois imaginamos uma corda que une as duas partes da coluna, depois vamos imaginar que o sacro vai cair através dessa corda atravessando o corpo do cavalo até ao solo, isto é um exercício mental de relaxamento.
Outro exercício, o ajudante que está a pé vai esticar-nos a perna para trás segurando no tornozelo, esticando a perna mas sem forçar, sustendo a perna nessa posição, o cavaleiro vai explorar o seu corpo especialmente a parte superior, procurando as partes do corpo onde tem resistências e que pode relaxar-se, mantendo os olhos suaves centrado e com boa respiração.
Com o ajudante ao nível do joelho, virado para trás, deixar que ele indique a posição da perna para uma ajuda externa, devemos sentir o local de aplicação da força e como fazemos para transmitirmos a ajuda ao cavalo, devemos libertar o pescoço e a parte superior do corpo sem esquecer que devemos estar centrados.
Agora o nosso ajudante com uma mão na ponta do pé e outra no tornozelo, vamos deixar que a perna se estique para baixo como se fosse uma ajuda interior, devemos estar bem centrados a respirar bem com o corpo relaxado, imagine que tem a perna presa por uma corda na anca deixando a perna cair ao chão.
Estes exercícios procuram que a imaginação do cavaleiro ajude a encontrar as posições de equilíbrio e de relaxamento do corpo em cima do cavalo, assim como sentir novas sensações.
Por último se imaginarmos que somos o índio que está sentado em equilíbrio com as pernas soltas as costas direitas, com um olhar elevado, com os braços abertos e as palmas das mãos abertas na direcção do olhar, imagine-se assim e relaxe, para assim ter uma ideia de liberdade em cima do cavalo e equilíbrio.
Pontos essenciais de equilíbrio
• Utilizar os quatro princípios básicos.
• Assegurar que estamos sentados igualmente para ambos os lados.
• Recordar a experiência do alargamento da perna.
• Imaginar que somo um índio.
Resultados do equilíbrio e da liberdade do corpo
• Melhor sensação de equilíbrio.
• Consciência da necessidade de aligeirar e equilibrar o pescoço e a cabeça, para relaxar as costas baixas e as ancas.
O Passo e o Assento
O passo é um andamento a quatro tempos e cada pé toca no solo separadamente, tendo o cavalo em todos os momentos três pés no solo, nunca estando o corpo do cavalo em suspensão.
Para seguirmos o dorso do cavalo no passo devemos ter um assento receptor móbil e profundo, podendo o equilíbrio do cavaleiro afectar directamente o passo do cavalo.
Podemos imaginar andando a passo que somos uma árvore em que o tronco começa no assento subindo pelo corpo em direcção à cabeça sendo os ramos todos as partes salientes do tronco, como sejam os braços as orelhas o nariz, sendo esse tronco flexível com os ventos, estando a pélvis no nível da terra do tronco, as pernas serão as raízes da árvore.
Com o corpo e as ancas livremente equilibradas será fácil seguir o movimento do cavalo, para permanecer estável em cima do cavalo temos de estar com o máximo contacto possível em cima do cavalo, sendo esse contacto fluído, caso contrário podemos ser despejados para fora do cavalo, a pélvis deve mover-se em contacto completo e relaxado com o dorso do cavalo, depois devemos aprender a escutar o cavalo com o nosso corpo, pois assim vamos ter consciência onde se encontram os membros do cavalo, mais propriamente do avanço dos posteriores.
Vamos sentir o movimento constante das articulações da nossa anca, movimento esse que é a causa da subida e descida das ancas do cavalo sentido através das costas do cavalo, uma maneira de facilitar sentir o movimento do cavalo é andando a passo com um braço levantado e os dedos esticados enquanto o resto do corpo cai para baixo, esta é uma maneira de abrir e relaxar a parte baixa das costas e articulações da anca em qualquer movimento, a sequência do movimento é a seguinte, a perna cai e os ísquios deslizam-se para a frente e assim sucessivamente, a perna do cavaleiro baixa quando o pé do cavalo desse lado se apoia, os ísquios deslizam quando se apoia o pé oposto.
O bloqueio das ancas também vai diminuir ou mesmo bloquear o passo, outro extremo é se avançarmos muito com o ísquio o cavalo também vai avançar no entanto com tensão e resistência, podemos produzir diferentes amplitudes de passo no cavalo somente com o nosso assento.
A capacidade de sentir e receber o movimento para cima do dorso do cavalo é muito importante no passo como no trote e no galope, quanto melhor sentado estiver o cavaleiro mais facilmente recebe as passadas do cavalo através dos glúteos, podendo mesmo o cavaleiro aumentar a pureza do andamento.
Pontos essenciais do Passo e do Assento
• Utilizar os quatro princípios básicos.
• Encontrar o assento em três pontos, ísquios, glúteos, músculos.
• Sentir e receber as pulsações e o ritmo e o movimento da batida.
• Utilizar as imagens, árvore, diagonais de energia, pernas justas e mão levantada.
• Sentir o dorso do cavalo com o assento.
• Deixar que o ísquio deslize em cada batida.
• Deixar que o cavaleiro e o dorso do cavalo balancem com ritmo.
Resultados do Passo e do Assento
• Consciência do movimento do cavalo.
• Melhor sensação e receptividade.
• O cavalo pode utilizar melhor o corpo.
• Melhoria do ritmo e da pureza da batida.
O Trote Levantado
Antes de começarmos a trotar devemos ter consciência que os estribos só servem para suportar o peso das pernas e não do corpo todo, o trote levantado deve ser sem precipitação, cómodo, e agradável, devemos deixar que os ombros se equilibrem sobre a pélvis e estribos, deixando cair o peso suavemente através dos estribos, sem bloquear o peso nas ancas nos joelhos ou nos tornozelos.
Com a técnica dos olhos suaves organizar a respiração, centrado e caindo no centro de gravidade através da linha da cintura, tentando ir buscar o ritmo do cavalo aos seus posteriores, devendo sentir o seu trabalho enquanto os anteriores simplesmente acompanham, a energia vem de trás.
Procurar que o peso sobre os estribos seja o mesmo quando nos levantamos e quando nos sentamos, isto significa que vamos tocar na cilha muito ligeiramente quando baixamos, devemos também ter uma noção de qual deve ser a abertura das articulações no trote levantado e a boa utilização das aberturas das articulações, também ter a preocupação de alinhar orelha, ombro, anca e calcanhar, também é importante termos os dedos dos pés relaxados para assim podermos libertar os tornozelos.
A perna do cavaleiro deve estar paralela ao cavalo, devendo esta posição da perna surgir sem tensão mas como resultado de um bom equilíbrio, os pés adiantados originam tornozelos rígidos, os tornozelos relaxados permitem que os calcanhares baixem em cada movimento do trote levantado.
Um exercício que podemos fazer para termos uma melhor noção de equilíbrio no trote levantado, será com um ajudante que segura o cavalo pelas rédeas, depois o cavaleiro levanta-se apoiando-se nos estribos, com a pélvis para a frente e para cima, mantendo os calcanhares para trás da vertical, depois o ajudante começa a andar com o cavalo a passo e procuramos o novo equilíbrio do passo mantendo as costas para a frente ligeiramente arqueadas, no entanto ter atenção para não estarmos em equilíbrio apertando os joelhos pois não será um equilíbrio correcto, depois podemos abrir os braços e mover os braços para ambas as direcções, com isto vamos sentir uma sensação de liberdade, equilíbrio e segurança da parte superior do corpo, principalmente nas articulações da anca, este exercício pode ser feito a passo trote e galope.
Quando vamos a trote levantado, mas também nos outros andamentos temos de ter sempre uma sensação de liberdade de actuação sobre o cavalo ou sobre os seus gestos, com um equilíbrio correcto tendo também uma sensação de segurança, também será um grande prazer sentir a reacção do cavalo ao nosso relaxamento superando assim muitas tensões e ficando também o cavalo relaxado, uma das reacções do cavalo é as suas orelhas que ficam muito mais confiantes.
Se realizarmos em trote levantado todo o picadeiro e depois passarmos para os círculos temos antes de preparar a passagem aos círculos, organizando a respiração, procurando estarmos centrados e criando tranquilamente a flexão que empurra de trás para a frente através dos posteriores do cavalo, a perna exterior do cavaleiro deve manter-se atrás para controlar os posteriores, a perna interior vai dando apoio em função da necessidade para manter a energia o tempo e o ritmo para a frente.
Utilizando a perna interior junto à cilha, vamos tentar alargar as passadas sem aumentar a velocidade para isso devemos manter a respiração e estar bem equilibrados, devemos por isso acompanhar o aumento das passadas com o nosso corpo e mantermos as mãos tranquilas.
Pontos essenciais
• Utilizar os quatro princípios básicos
• Deixar que o peso baixe através dos estribos sem apertar nem bloquear
• Manter o peso distribuído igualmente entre os estribos
• Utilizar livremente as articulações os joelhos e as ancas
• Manter um ritmo que vem de trás
Resultados do trote levantado correcto
• Equilíbrio com o cavalo.
• Ritmo com o cavalo.
• Criar energia no trote.
• O cavalo move-se para a frente mais livre e mais firme.
As Mãos
As mãos devem ser estáveis, tranquilas e sensíveis em todos os aspectos da equitação, as costas o assento e as pernas controlam os posteriores do cavalo e as mãos controlam os anteriores, tudo isto sincronizado controla toda a energia e movimentos do cavalo.
Ter umas boas mãos depende profundamente de ter um bom assento, brando e fundo, como o movimento não é totalmente absorvido pelas articulações das ancas, joelhos e tornozelos os ombros vão por isso saltar e a cabeça dar sacudidelas, quanto mais desigual for o movimento mais vão saltar as mãos e como consequência vamos dar sacudidelas na boca do cavalo, o que vai causar um mau estar no cavalo e nos seus movimentos.
Para as mãos estarem o mais imóvel possível temos de abrir e fechar a articulação do cotovelo conforme a subida e descida da cabeça do cavalo.
Os antebraços e as rédeas devem estar numa linha recta tendo para isso o cavaleiro de abrir e fechar a articulação do cotovelo com os movimentos de oscilação do pescoço e cabeça do cavalo.
Uma das imagens que podemos ter como comparação da força que temos de fazer nas rédeas é imaginarmos que temos em cada mão um pássaro e que nem o podemos apertar muito nem o podemos deixar fugir, as rédeas são um meio de transmissão de muitas sensações do cavalo.
Devemos exercitar as mãos e as rédeas, para assim termos facilidade de manuseamento das rédeas, para isso podemos abrir e fechar repetidamente os dedos, também ter atenção que o dedo anelar é um dedo muito importante na comunicação do cavaleiro para o cavalo sendo ele que deve dar início ao movimento do cavalo, seguindo depois os outros dedos.
Os grandes movimentos vem dos ombros e cotovelos, somente os pequenos movimentos estão nos dedos, o que não quer dizer que sejam os dedos menos importantes.
Uma das melhores recompensas para o cavalo é feita com o abrandamento das mãos, quando temos o contacto com a boca do cavalo, esse contacto pode ser suave ou ligeiro ou muito forte, este contacto vai depender do equilíbrio e sensibilidade do cavalo.
Os abrandamentos e as transições são principalmente transmitidos pelas mãos por isso devemos relaxar as palmas das mãos e os dedos, este abrandamento também se vai reflectir parcialmente através dos pulsos, cotovelos e ombros.
Pontos essenciais do uso correcto das mãos
• Permitir que as articulações dos cotovelos e ombros se abram e se fechem livremente.
• Ter as rédeas nem demasiado apertadas nem demasiado soltas.
• Utilizar os dedos e pulsos para pequenas instruções.
• Utilizar os cotovelos e ombros para os movimentos maiores.
• Abrandar as mãos no final dos movimentos específicos, para recompensar o cavalo.
Resultado do uso correcto das mãos
• Uma sensação mais directa da boca do cavalo.
• Mãos mais firmes e mais brandas.
• O cavalo vai andar com mais com um ritmo mais uniforme.
Transições
Uma boa e consistente transição decrescente é um dos exercícios mais importantes que podemos aprender a fazer em equitação.
O cavalo durante uma transição decrescente deve arquear o seu dorso baixando a cabeça e o pescoço, permitindo assim levar os posteriores para debaixo da sua massa deslocando o seu peso para trás, conseguindo assim fazer a transição em equilíbrio com o peso distribuído pelos quatro membros.
Um dos truques é não apertar os ísquios sobre o dorso do cavalo quando fazemos a transição decrescente, permitindo assim o cavalo arquear o dorso debaixo do nosso assento.
Quando esticamos as nossas costas ou seja quando nos centramos o busto cresce e aumentamos a base de assento permitindo assim o arqueamento do dorso.
O início da transição decrescente começa com a seguinte sequência, assento, seguido das pernas e em terceiro lugar as mãos.
Para iniciar a aprendizagem das transições começamos com o cavalo a passo sem estribos e começamos com a transição passo paragem, com atenção em termos um assento profundo, articulações das ancas elásticas com ombros abertos e relaxados, devemos deixar que os posteriores se aproximem das mãos do cavaleiro, a respiração também é importante, devemos pois expirar durante a transição.
Também devemos ter atenção em não empurrar os estribos nem para baixo nem para a frente, esta tendência existe normalmente nas transições, com a evolução vamos diminuir os passos necessários para fazermos as transições, sendo o mais importante não perdermos o equilíbrio antes durante e após a transição.
As transições crescentes podem ser bonitas se o cavalo passa de um ar para outro perfeitamente sincronizado com o cavaleiro, por isso a atenção deve ser mútua entre o cavalo e o cavaleiro, avançando os dois em conjunto.
Quando o cavaleiro se encontra demasiado para trás o seu corpo cai pesadamente em cima do dorso do cavalo, fazendo com que o cavalo se contraía, pois também o cavaleiro como está em desequilíbrio vai castigar a boca do cavalo, para evitar isso o cavaleiro deve se lembrar que para executar a transição crescente o cavalo vai ter de utilizar os seus posteriores com mais força, por isso o cavaleiro deve estar com o movimento para diante, mantendo as pernas junto da cilha aumentando os movimentos do assento como também aumentando as ajudas das pernas.
O cavaleiro deve ter o seu pensamento para a frente e para cima, sentir o ritmo do cavalo deixando que o cavalo arredonde o dorso e esteja relaxado, ao mesmo tempo deve abrir ligeiramente as mãos deixando passar a energia do cavalo de trás para a frente.
Fazer variações de transições nos vários andamentos é preciso ter atenção para sentir a transição correcta ou seja, quando o cavaleiro sente que o cavalo se alarga e amplia o dorso debaixo do cavaleiro e está a andar para diante.
Pontos essenciais nas transições
• Expirar durante a transição.
• Deixar passar a energia do cavalo de trás para a frente.
Transições decrescentes
• Centrar-se e crescer para cima e depois baixando o corpo.
• Aligeirar os pés colocando as pernas ligeiramente atrás e em contacto com o cavalo.
• Fechar as mãos o suficiente para impedir o movimento para a frente.
• Recompensar o cavalo aligeirando as mãos e o assento.
• Pensar sempre para a frente mesmo na transição decrescente.
Transição crescente
• Sentir como se aumenta a energia do cavaleiro e do cavalo para a frente e para cima, desde trás para a frente, através do centro.
• Centrar-se e crescer.
• Ir com o cavalo para a frente.
• Aligeirar as mãos para soltar os anteriores do cavalo.
Resultados de uma transição correcta
• Manter a energia para a frente.
• Pôr o dorso do cavalo redondo sem se opor na transição.
• O cavalo deve estar ligeiro sobre os membros.
• Ter o cavalo mais concentrado respondendo melhor aos exercícios.
• Melhora comunicação entre o cavalo e o cavaleiro.
Trote Sentado
O trote é um andamento em dois tempos, em cada tempo os membros do cavalo diagonalmente tocam no solo, nesse momento todo o cavalo está numa posição baixa, entre os tempos o cavalo eleva-se num tempo de suspensão, com o tocar da diagonal no solo, o nosso objectivo é mantermos contacto com o dorso do cavalo seguindo todo este movimento, por isso em cada movimento do trote devemos acompanhar o cavalo.
Como exemplo podemos imaginar que estamos a esquiar a nossa cabeça e ombros mantêm-se permanecem sempre ao mesmo nível sendo as pernas que flectem ou esticam em função do relevo da trajectória, do mesmo modo fazem as suspensões do automóvel quando passamos numa estrada com lombas, as suspensões do carro sobem e descem mantendo o carro sempre ao mesmo nível.
No trote sentado as nossas pernas vão ser o meio de transmissão entre as forças ascendentes e as forças descendentes, a pélvis vai ser a ponte ou alavanca das forças ascendentes e descendentes permitindo quando bem relaxada e nivelada, fazer o amortecimento destas forças e evitando as vibrações.
Começamos com umas passadas de trote sentado e regressamos ao passo através de uma transição decrescente, repetindo isso várias vezes, tentando baixar e relaxar as costas, também o pequeno número de passadas não vai deixar permitir que fiquemos rígidos no trote sentado, a transição vai ajudar a esticarmos o corpo baixando assim o centro de gravidade.
Quando no trote sentado notamos que estamos a ficar rígidos devemos fazer uma transição descendente ao passo, devemos pois estar no trote sentado relaxado e com olhos suaves, para assim acompanharmos o movimento do cavalo, sem nunca esquecer que quanto mais rápido for o trote mais difícil é mantermos um trote sentado de qualidade ou seja acompanharmos o movimento, o corpo do cavaleiro deve ser capaz de absorver o movimento através do uso relaxado das articulações, das ancas, joelhos e calcanhares.
Se as articulações da anca dos joelhos e dos tornozelos estão rígidos o movimento do cavalo sobe pelo corpo do cavaleiro produzindo uma espécie de chicotada na parte superior do corpo do cavaleiro, fazendo sacudir a cabeça e saltar os ombros, tudo isto é a consequência de o cavaleiro não ser capaz de absorver o movimento do cavalo.
O assento do cavaleiro juntamente com as articulações relaxadas da anca, com joelhos e calcanhares móveis abrindo e fechando com o movimento do cavalo, são a chave do trote sentado.
Pontos essenciais para o trote sentado correcto
• Manter o crescimento para cima e para baixo estando bem centrado.
• Seguir o movimento do cavalo para a frente e para baixo com as costas junto à pélvis. relaxadas, abrindo as articulações da anca e acompanhando com os músculos.
• Deixar que as articulações da anca se fechem e se abram.
• Deixar móveis os joelhos e os calcanhares.
• Receber os impulsos crescentes do dorso do cavalo.
• Manter os glúteos e a parte posterior das pernas amplas e relaxadas.
• Manter a respiração para conservar as costas flexíveis.
• Utilizar a gravidade não agarrar o cavalo.
Resultado de um trote sentado correcto
• Unidade com o cavalo.
• Aumento da comunicação com o cavalo.
• Melhora o equilíbrio, suavidade e sentido de ritmo.
• Melhora o movimento do cavalo.
Círculos e Voltas
Nos círculos o corpo do cavalo deve ter a mesma encurvação do círculo desde a ponta da cabeça até à ponta da cauda, por isso quanto mais fechado for o círculo mais flexão vai precisar o cavalo para executar o círculo correctamente.
Frequentemente observamos que o cavalo se flexiona de maneira errada quando executa o círculo, ou seja, por vezes flexiona somente a espádua deixando o resto do corpo rígido, fugindo esta para fora do círculo, também por vezes somente flexiona o pescoço como também a linha dos posteriores não é a mesma que a linha descrita pelos anteriores.
Imaginando que o corpo do cavalo é uma arco vai ser a perna interior junto à cilha que vai dobrar esse arco, assegurando a perna exterior um dos extremos do arco evitando que os posteriores fujam para fora do arco, devendo esta perna exterior ser firme constante e tranquila, a rédea exterior vai assegurar o outro extremo do arco evitando que a espádua se desloque para fora do círculo e controlando o grau da encurvação, devendo estar portanto a rédea exterior tensa e constante.
A rédea interior tem um papel mais variado, conduz o cavalo ligeiramente dentro do círculo mas sem o cavaleiro se pendurar na rédea, pois caso contrário o cavalo vai resistir e pôr-se rígido, por isso a perna interior vai assegurar a encurvação juntamente com a perna exterior, para que as pernas ajudem bem na execução do círculo temos de ter um bom controle sobre elas e sobre o assento.
Quando iniciamos o círculo a passo devemos acompanhar o círculo com os ombros, atrasando o ombro para o lado em que fazemos a encurvação e adiantando o ombro contrário, este movimento é acompanhado da cabeça, ombros braços e mãos, devendo ser toda esta rotação uma acção delicada e refinada, ter em atenção que a cabeça não deve rodar mais que os ombros, sendo a cabeça o centro de todo o movimento.
Executar círculos e serpentinas alternando entre o trote sentado e o trote levantado, utilizando a rotação de todo o corpo, sempre num contacto ligeiro com o cavalo, podemos comprovar que o cavalo vai responder melhor aos nossos pedidos e com menor esforço, acontecendo que as ajudas são assim mais claras para o cavalo.
Imaginando que estamos dentro de uma conduta de água circular e que a água que entra nessa conduta de água vai provocar uma força sobre o cavalo na direcção da parede exterior da conduta, isto dá-nos uma ideia da necessidade da rédea exterior para segurar o cavalo evitando que ele vá contra essa parede, ou seja que descaia na espádua exterior e consequentemente perder andamento para a frente, portanto quando andamos em círculo não podemos esquecer as ajudas da rédea exterior como também da perna exterior.
Nos círculos a rédea exterior e a perna de fora controlam a energia do cavalo para executar o círculo, a rédea interna mantém a forma do círculo a perna interna mantém o movimento para a frente.
Pontos essenciais para executar os círculos e voltas
• A perna exterior deve situar ligeiramente trás da articulação da anca.
• Perna interior deve estar relaxada e deslizante, encurvando e estimulando o cavalo.
• Rodar os ombros e o tronco ligeiramente acompanhando o círculo ou as voltas.
• Rédea exterior deve estar firme e sustentada.
• Pedir e ceder com a rédea interna.
• Imaginar que vamos dentro de um túnel de água.
Resultados ao executar círculos e voltas
• Corpo do cavaleiro fica mais estável equilibrado e estável.
• O cavalo mantém a encurvação correcta no círculo.
• O cavalo move-se para a frente com facilidade e equilibrado.
Meias paragens e equilíbrio
Quando o cavalo sente que o cavaleiro toma uma posição de equilíbrio, agradece ficando mais redondo alargando o dorso ao mesmo tempo que os posteriores entram mais para debaixo do seu corpo e vai aligeirar os anteriores, ou seja o cavalo vai se reequilibrar.
Meia paragem é um termo bastante ingrato pois pode se confundir com paragem o que é errado deveria ser sim reequilíbrio, pois é esse o objectivo, equilibrar o conjunto cavalo / cavaleiro.
Os cavaleiros frequentemente precisam de corrigir a sua posição para isso devem se colocar elegantes sentando-se bem, elevando-se ficando bem relaxados, deixando as suas pernas abraçar o cavalo, uma das formas de equilibrar um cavalo demasiado fogoso é fazer muitas transições decrescentes, reequilibrando o cavalo muitas vezes, esta sequência de meias paragens vai fazer com que o cavalo se reúna e se equilibre, também ter em atenção que estas transições podem ser feitas das mais diversas formas e diferentes combinações.
A evolução do ensino do cavalo é a transição do peso do cavalo da frente ou seja dos anteriores para os posteriores, aliviando assim os anteriores e facilitando os posteriores entrarem para debaixo do cavalo e assim levar o cavalo mais facilmente para a frente.
1 – Cavalo sem ensino, a sua massa está sobre os anteriores
2 – Cavalo mediamente ensinado a sua massa está igualmente distribuída pelas extremidades
3 – Cavalo bem ensinado, a maior parte da massa do cavalo está sobre os posteriores
Com o evoluir do ensino do cavalo ele vai transpondo o seu peso para os posteriores aumentando assim a sua capacidade de reunião sendo por isso capaz de meter mais os seus posteriores no sentido do centro do cavalo, tendo como consequência este apoio dos posteriores o alívio dos anteriores permitindo assim o cavalo ter uma maior facilidade em reunir ou alargar as suas passadas, desenvolvendo assim a sua impulsão e elasticidade, o pescoço do cavalo vai esticar desde o garrote até à nuca e arquear ligeiramente, a mandíbula relaxa e o dorso vai dilatar e alargar, dando ao cavalo um ar de alegria.
Pontos essenciais da meia paragem
• Utilizar a meia paragem como um reequilíbrio.
• Aligeirar as mãos no fim de cada meia paragem.
• Manter um assento aberto e receptivo.
• Pensar sempre no movimento para a frente.
Resultados da meia paragem
• Assento mais profundo, relaxado e equilibrado.
• O cavalo mais equilibrado.
• Posteriores do cavalo mais activos.
• O cavalo desenvolve a qualidade de se levar a ele desenvolvendo a impulsão.
O Galope
No galope é essencial que o cavaleiro tenha as costas e os ombros relaxados, as articulações da anca livres com ísquios e glúteos acompanhando o movimento, com joelhos e tornozelos elásticos.
O galope é um movimento diferente do passo pois o passo é um movimento basculado de quatro tempos, o trote é um movimento de dois tempos simétrico, permanecendo nestes dois movimentos o dorso do cavalo essencialmente horizontal.
O galope tem um ritmo mais longo em três tempos incorporando um momento de suspensão, o dorso do cavalo não permanece horizontal mas sim oscilando de cima para baixo
Uma das sensações que devemos ter a galope é que estamos seguros por uma cinta elástica que estica e encolhe com as passadas de galope, o assento relaxado vai permitir ao cavalo arredondar-se durante o momento de suspensão
A diminuição do tempo de suspensão vai provocar uma perda de ritmo e eventualmente que o cavalo caía num galope a quatro tempos, que tem como resultado o pisar dos membros diagonais separadamente, produzindo assim pouco tempo de suspensão, para que isto não aconteça devemos procurar uma boa cadência e uma suspensão adequada ao movimento, deixando para isso as ancas abertas deixando passar o movimento para diante, a diminuição de resistências no dorso do cavalo vai proporcionar ao cavalo galopar mais tempo com menos esforço.
Pontos essenciais no galope
• Ouvir o ritmo, um, dois, três e pausa.
• Acompanhar os movimentos de descida, subida e suspensão do galope.
• Sentir que estamos altos ainda que profundos e relaxados no galope.
• Manter os joelhos baixos e os pés ligeiros nos estribos.
• Deixar que a articulação da anca abra e feche livremente.
• Ter um assento receptivo ao movimento.
Resultados no galope
• O cavaleiro não será atirado para fora.
• O dorso do cavalo vai ficar com liberdade para se arredondar.
• Aumentará o período de suspensão no galope, melhorando a qualidade do movimento.
• O reequilíbrio através de meias paragens será mais fácil.
A gravidade atrai tudo para o centro da terra, no entanto como a terra é sólida ela vai resistir e originar uma força contrária, nos corpos vivos também se produzem acções e reacções similares, como por exemplo musculo contra musculo, movimentos de cima para baixo e de baixo para cima, sendo sempre a finalidade atingir o equilíbrio.
Nos cavaleiros a situação que acontece é que o cavaleiro frequentemente não deixa que o corpo utilize a energia que o batimento dos membros do cavalo no solo provoca no seu corpo, no sentido ascensional, pois o cavalo recebe energia do solo e a transmite através dos seus pés chegando ao seu corpo e dorso, ora o aproveitamento desta energia trás grandes benefícios ao cavaleiro no movimento e capacidade de esforço.
O ritmo e a profundidade do movimento juntamente com o equilíbrio, entre o cavalo e o cavaleiro tornam-se mais fáceis, naturais e fluidos quando existe sincronização de energias entre o cavalo e o cavaleiro.
Quando o cavalo se move com bom equilíbrio raramente se podem ouvir os cascos do cavalo a bater no solo, quando o cavalo está desequilibrado e pesado nos seus quartos dianteiros e com um cavaleiro inexperiente os cascos do cavalo vão dar grandes golpes no solo, provocando um grande ruído.
Para desenvolver o uso de energia e do fluxo de potência centralizada, devemos conseguir ter uma sensação significativa de consciência, que significa termos consciência interior do nosso corpo e do nosso cavalo, se existem tensões na mente do cavaleiro ou no corpo do cavaleiro, isto vai bloquear a consciência e criar rigidez.
Nos círculos produzimos energia que se vai reciclar através dos centros do cavalo e do cavaleiro, esta energia vai estimular o dorso do cavalo fazendo com que ele se desloque mais facilmente para diante, à medida que a energia vai subindo o cavaleiro deve conseguir depois solta-la através dos seus braços no sentido da embocadura.
Frequentemente a energia bloqueia-se no garrote do cavalo não chegando assim até à embocadura do cavalo, para que isso não aconteça o cavaleiro deve manter-se centrado e equilibrado, respirando correctamente para assim deixar a energia fluir.
Se um cavalo está correctamente na mão, todas as ajudas utilizadas na parte posterior do cavalo vão fluir para a frente, desde o quarto posterior até à embocadura e toda a energia da parte anterior do cavalo vai fluir desde a embocadura para os quartos traseiros do cavalo, permanecendo a maior parte da energia dentro do cavalo, mas sempre no movimento para diante, incluindo a paragem e o recuar, pois a energia é sempre no movimento para diante.
Um dos conceitos mais importantes é aquele que diz que devemos “ pedir, obter, e ceder ” assim o cavaleiro vai pedir com o corpo e com as pernas e receber através do seu corpo para as suas mãos, depois vamos ceder principalmente com as mãos mas também com o corpo e com as pernas de forma a que possamos repetir “ pedir, obter e ceder ” sem nunca esquecer, que devemos dar muito mais do que receber, sendo este um princípio básico da equitação.Forças de Energia
Pontos essenciais para utilizar forças de energia
• Utilizar a energia central do cavaleiro.
• Interacções de energia entre cavaleiro e cavalo.
• Ter sempre em mente que as mãos do cavaleiro abrem e fecham uma válvula.
Resultados da utilização das forças de energia
• Aumento no vigor do movimento para diante.
• O cavalo leva o cavaleiro com mais facilidade.
• Aumento da flexibilidade e movimento para diante.
• Maior brilho e precisão do cavalo e do cavaleiro.
Com o evoluir do ensino do cavalo ele começa a utilizar mais os seus posteriores levando ligeiramente para trás o seu centro de gravidade, reduzindo assim toda a sua estrutura, como resultado, as mãos do cavalo vão-se aligeirar com a entrada dos posteriores e vão ter como resultado o alargamento dos anteriores e libertando assim as espáduas permitindo passadas mais largas.
A estrutura do cavalo vai alargando na medida do alargamento das passadas e encurtando com as transições decrescentes, as mudanças de estrutura vão ser principalmente ao nível do dorso, com ligeira alteração do pescoço na sua extensão.
É muito importante que o ritmo permaneça constante quando se realiza um alargamento em qualquer andamento, os cascos tocam no solo com uma maior distância com o alargamento das passadas, para que este aumento das passadas se efectue é necessário mais musculatura do cavalo e equilíbrio e consequentemente mais energia.
A energia necessária para o alargamento da passada vai se gerar principalmente por meio do uso das meias paragens, reequilibrando o cavalo, assim como também através das transições crescentes e decrescentes nos diversos ares e andamentos, incluindo as paragens, utilizando os círculos, as serpentinas e o trabalho lateral, os galopes curtos e as mudanças de andamentos, tudo isto vai construir energia no cavalo que poderá ser utilizada pelo cavaleiro.
O cavalo precisa do equilíbrio do cavaleiro para poder estar em equilíbrio, para isso o cavaleiro não deve inclinar-se demasiado para a frente nem demasiado para trás somente deve pensar em acompanhar o movimento do cavalo para diante, as mãos devem aligeirar de modo a que o cavalo possa ir para a frente e o centro de gravidade deve ficar ligeiramente a trás, nas passadas mais largas, ter atenção que o alongamento do pescoço só deve ser feito depois do cavalo ter efectuado duas ou três passadas largas com energia, com uns posteriores fortes vai ser possível obtermos passadas largas e amplas.
A transição decrescente é muito importante para a preparação da extensão da passada, por isso antes de pedirmos uma extensão da passada devemos fazer algumas meias paragens para equilibrar o cavalo, isto aplica-se a todos os andamentos.Alargamento da Passada
Pontos essenciais para o alargamento da passada
• Construir energia através de meias paragens e transições crescentes e decrescentes.
• Reequilibrar o cavalo com meias paragens antes do alargamento da passada.
• O cavaleiro deve estar bem sentado, com profundidade e bem centrado.
• Receber os impulsos crescentes do dorso do cavalo.
• Ir para a frente com o cavalo, acompanhando o cavalo no movimento.
• As mãos devem ter contacto suave.
• Ritmar a respiração.
Resultados do alargamento da passada
• Passadas mais largas e amplas com aumento da impulsão.
• Cavalo vai estar mais ligeiro e elástico.
• Maior entrada dos posteriores e melhor equilíbrio.
Trabalho Lateral
No trabalho lateral normalmente em duas pistas, o cavalo move-se de lado e para a frente simultaneamente, tudo isto em resposta às ajudas do cavaleiro, através deste deslocamento estamos a ensinar ao cavalo formas de ele atingir equilíbrio, flexibilidade e coordenação de movimentos, assim como um melhor uso dos seus posteriores.
Para executarmos um bom trabalho em duas pistas é necessário que o cavaleiro tenha consciência da posição exacta do cavalo debaixo de si e da relação da direcção que segue e do seu deslocamento.
Um cavalo está direito se todo o seu corpo desde a cabeça até à cauda segue a linha do movimento, ou seja por exemplo no círculo o cavalo está direito se todo o seu corpo se encurva sobre o mesmo arco do círculo.
A equitação de precisão depende de uma relação constante entre o cavaleiro e o cavalo, utilizando o assento as pernas e as duas mãos, habilmente podemos ter o cavalo direito nos diversos andamentos.
Rodar sobre os anteriores é uma maneira do cavaleiro sentir o terço posterior do cavalo, em todo o trabalho lateral o pé do cavalo que está debaixo da perna activa do cavaleiro deve cruzar-se pela frente da outra perna do cavalo, quando é executado correctamente os anteriores descrevem um pequeno círculo enquanto os posteriores fazem um círculo maior, em todo o trabalho lateral o pé do cavalo que está debaixo da perna activa do cavaleiro deve cruzar-se pela frente da outra perna.
A cedência à perna ensina o cavaleiro a ter coordenação e sensibilidade com o cavalo e ao cavalo obediência e equilíbrio, neste exercício o cavalo não olha ou se encurva na direcção para onde se desloca é um movimento para a frente deslizando lateralmente, iniciar por pequenos passos de passo e quando o cavalo estiver à vontade no passo passar ao trote, este exercício vai fazer com que o cavalo fique mais forte e melhor equilibrado.
Espádua a dentro desenvolve a coordenação o equilíbrio e a flexibilidade do cavalo, neste movimento os posteriores permanecem na trajectória, enquanto que as espáduas vão ligeiramente para dentro, o cavalo encurva se ligeiramente à volta da perna interior do cavaleiro, este exercício ajuda a fortalecer os posteriores do cavalo aumentando a flexibilidade do cavalo.
Pontos essenciais do trabalho lateral
• Ter consciência interna da posição do corpo e dos pés do cavalo.
• Manter equilibrado o dorso do cavalo.
• Conseguir trabalhar independentemente as pernas o assento e as mãos.
• Pensamento sempre para a frente.
• Ser cuidadoso na colocação do cavalo em cada movimento.
Resultados do trabalho lateral
• Aumenta a concentração do cavalo.
• Aumenta o equilíbrio e a coordenação do movimento do cavalo.
• O cavalo vai ficar mais flexível e equilibrado.
• Aumenta a intervenção dos posteriores do cavalo.
O Salto
Na posição de salto devemos ter uma série de alavancas que vão actuar como amortecedores, vai ser através da acção dos calcanhares dos joelhos e articulações da anca que vai ser possível amortecer o movimento do cavalo e manter o equilíbrio necessário ao salto.
Na posição de salto, em que temos o peso sobre os pés, ficamos com liberdade nos braços e mãos para se mexerem conforme seja preciso, quanto mais perto do centro de gravidade do cavalo se encontrar o cavaleiro mais estável e mais flexível vai estar para abordar o salto.
Devemos encurtar os estribos até que se encontrem ligeiramente acima dos tornozelos, o assento deve estar próximo da cilha, haverá saltos em que o corpo do cavaleiro deverá subir mais para assim equilibrar o cavalo, no entanto em toda a equitação e nos saltos devemos ter sempre movimentos mínimos para não alterarmos o movimento e equilíbrio do cavalo.
Existem diversos exercícios com varas para eliminar algumas dificuldades no encontro do ponto correcto do salto, sendo os factores chave a tranquilidade com equilíbrio, num assento profundo e estável, as mãos tranquilas sobre a crina podem ajudar muito numa fase inicial tanto para o cavaleiro como para o cavalo pois é fundamental que o cavalo tenha liberdade de cabeça e pescoço.
Na aproximação das varas o cavalo não deve nem aumentar nem diminuir a sua velocidade de aproximação, deve estar sim num tranco equilibrado com ritmo e para diante, com os saltos das varas o cavalo aprende a saltar e a confiar no cavaleiro, depois quando o cavalo começa a executar saltos de obstáculos é fundamental que após a aproximação ao salto o cavaleiro deixe o cavalo realizar o seu trabalho de salto sem interferir no seu esforço.
O cavalo deve sentir o seu cavaleiro equilibrado e fluído no movimento sobre o centro de gravidade de modo que possa utilizar o seu dorso e pescoço durante o salto, fazendo uma curva correcta com o corpo.
Pontos essenciais do salto
• Manter o centro de gravidade sobre os pés.
• Utilizar os olhos suaves e cuidar da respiração.
• Manter pernas e pés fortes e estáveis.
• Esperar pelo cavalo para abrir e fechar o ângulo das ancas do cavaleiro.
• Manter a pélvis atrasada.
• Mãos suaves e a frente sobre as crinas.
Resultados do Salto
• Equilíbrio centrado durante o salto.
• Impulsão correcta para a frente.
• Interferência mínima.
• Não saltar à frente do cavalo.
• Segurança do cavaleiro.
• Confiança no cavalo.
Flexibilidade
Um cavalo flexível é aquele que pode alargar e comprimir a sua estrutura assim como curvar lateralmente o seu corpo sem perder o equilíbrio.
A obediência deve-se conseguir através de um trabalho apropriado e repetido nunca através da crueldade.
Os exercícios para adquirir flexibilidade na sua grande maioria baseiam-se no círculo nas voltas nas transições crescentes e decrescentes e no trabalho lateral.
As transições crescentes e decrescentes são muito importantes pois equilibram e geram obediência para construir energia, também o aumento e diminuição dos círculos as serpentinas as rotações, as cedências e as espáduas a dentro, são excelentes exercícios para aumentar a flexibilidade do cavalo.
O êxito da evolução do cavalo está na escolha dos exercícios que mais beneficiam a aprendizagem e a funcionalidade do cavalo, não se deve insistir nos exercícios em que o cavalo tem mais dificuldade assim como também não se devem prolongar aqueles que ele executa com facilidade, a imaginação do cavaleiro na sequência e nos exercícios escolhidos é uma das chaves do sucesso no ensino do cavalo assim como no seu bem estar comportamental.
O aquecimento do cavalo deve ser feito com trabalho tranquilo a passo, também deve neste período o cavaleiro ajustar-se ao cavalo e reflectir sobre o trabalho que vai executar com o cavalo, depois o grau de dificuldade dos exercícios deve aumentar gradualmente sem nunca serem exageradamente demorados nem forçados na sua execução, procurando ritmo e impulsão juntamente com alegria e calma.
O sucesso do cavalo depende do sucesso do cavaleiro, por isso o cavaleiro deve preparar-se primeiro antes de preparar o seu cavalo, utilizar ao máximo olhos suaves uma boa respiração e uma posição de equilíbrio, tentar sempre encontrar a sintonia e harmonia entre cavaleiro e cavalo é a razão do prazer de montar a cavalo