Etienne Beudant



Etienne Beudant viveu entre 1863 e 1949 foi um cavaleiro que causou uma grande admiração, pois ele foi o mais completo de todos os cavaleiros célebres, ele praticou magistralmente a alta escola, os saltos de obstáculos a endurance, entre outras actividades equestres…


« Cavaleiro mirabolante » como lhe chamou o general Decarpentery, realizou verdadeiras proezas equestres sobre pequenos cavalos comprados a preços muito baixos.

Homem azarado, sem fortuna, o capitão Beudant não fazia parte dos privilegiados oficiais superiores, explicando por isso a razão de não ter sido mais célebre no seu tempo.

Beudant tinha uma posição magnífica a cavalo com aprumos imperturbáveis e uma suavidade que lhe permitia um emprego das ajudas muito finas e correctas, tinha uma inteligência equestre superior e uma grande bondade, uma vontade sem falhas, de grande humildade, estas características conferiram-lhe uma imagem mágica.

Etienne Beudant, tirou grande proveito do reconhecido e famoso procedimento « mãos sem pernas, pernas sem mãos » de Baucher que lhe foi transmitido pelo general Faverot de Kerbrech, ele simplificou a expressão pois para ele bastava « mãos sem pernas ».

Com a mão ele conseguia obter um equilíbrio que lhe dava grande ligeireza e as pernas como agentes de impulsão, dizendo que as pernas perdem a sua importância com o aumento de atenção do cavalo e do seu equilíbrio, ou seja quando o cavalo perde a tendência para pesar sobre a mão e ficando mais atento e como tal mais impulsionado, diminuindo por isso a necessidade da ajuda das pernas.

A abertura excessiva do ângulo cabeça / pescoço pode parecer excessiva no início do trabalho assim como esmagar o dorso do cavalo, isto somente acontece no inicio do exercício, pois o próprio cavalo vai descobrir o seu bem estar e vai começar por se arredondar no pescoço e a descontrair a mandíbula, as espáduas começam a ficar mais ligeiras, os posteriores vão abrir e aumentar a propulsão naturalmente, sem que os anteriores os dificultem de avançar.

Beudant foi reconhecido pelos seus contemporâneos célebres como um cavaleiro fora de série, praticou o “ Baucherismo da 2ª maneira ou 2ª fase ” mais tempo que o próprio Baucher.
  
As últimas ideias equestres de Beudant:
  
- A mão fixa
- A " Passage natural "
- As mudanças de pé no galope a tempo
- Inutilidade da flexibilização
- Os dois grandes princípios sobre os quais tudo se apoia

O que pensavam os seus contemporâneos :

General Decarpentery : « Beudant é o cavaleiro mais mirabolante que eu jamais encontrei – nunca conheci um executante que lhe possa ser comparado – eu vi Mabrouk e o seu trabalho de alta escola fantástico ».

Passagem de uma carta que o general Decarpentery escreveu a Beudant em 1920.
« … Permita-me de bem precisar dois sentidos diferentes da mesma palavra : Cavaleiro – no seu verdadeiro sentido, cavaleiro é um virtuoso da arte equestre, um artista utilizando todos os seus conhecimentos teóricos da sua arte com uma técnica impecável e de " maestria " na sua execução.

Eu vos considero como um cavaleiro eminentemente, raro, para seguir o vosso protesto, isto trata-se de uma definição e não de um lisonjeio. Eu estou cheio de admiração por tudo aquilo que consegue obter dos seus cavalos e que eu jamais ousarei pedir aos meus de executar. – No sentido de Escola de Cavalaria, cavaleiro quer dizer «instrutor de equitação » sendo neste sentido, aquilo que eu somente sou, cavaleiro. 

Eu sou por isso um « peão » do ensino equestre, uma forma de « frère ignorantin » da equitação. Eu tenho o maior sofrimento do mundo, em obter dos meus cavalos a ligeireza nos três andamentos e creio que sou forte, só consigo lá chegar passando por todos os movimentos de flexão localizados, metodicamente executados e pacientemente seguidos.
 A vossa virtuosidade permite-vos estar à frente disso e eu muito vos admiro. Por exemplo, eu acredito que será extremamente perigoso para a maioria dos cavaleiros executar aquilo que para vós parece ser uma possibilidade… ».

Coronel - Veterinário Monod (Director do Serviço Veterinário das Tropas e Chefe de criação em Marrocos) :
« Uma mestre absoluto, uma paciência a toda a prova a firmeza aliada à doçura, uma observação sustentada, um julgamento certo, uma posição impecável, todas as qualidades, Beudant possui um grau tal, que no ensino dos seus cavalos, os enganos não existem. ».

Général Henrys (comandante chefe em Marrocos de 1915-1916) :
« Eu já vi trabalhar todos os grandes cavaleiros da minha geração, entre muitos o general l’Hotte. Nenhum me deixou a impressão de perfeição ideal como Beudant. ».

Três cavaleiros « en chef » da escola de cavalaria de Saumur : - De Contades : « …faz prova da equitação de um verdadeiro talento. »- Danloux : « Que felicidade eu tenho… em ser criticado por um mestre como vós. »- Lesage : « foi um admirável seguidor dos grandes princípios, tendo os aplicado tão bem quanto o general Faverot. »- Margot : (numa fotografia com dedicatória) : « Ao capitão Beudant, nosso mestre e de todos, o comandante Margot, cavaleiro «en chef» da escola de cavalaria, com toda a humildade. »- Général Donnio : « não podemos falar da equitação de Beudant, ele é um feiticeiro !. »





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